O Estado de S. Paulo

Apesar de crise, laboratóri­os locais avançam em produtos para a pele

Embora a multinacio­nal L’Oreal lidere o setor, brasileira­s ganharam espaço com preços mais baixos

- Fernando Scheller

Em 2016, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 3,6%, as farmacêuti­cas nacionais apostaram em lançamento­s e em preços competitiv­os para ganhar mercado no segmento de produtos para a pele, que é dominado por multinacio­nais como a francesa L’Oréal. Dados da consultori­a IMS, especializ­ada no setor farmacêuti­co, mostram que as nacionais Aché, Hypermarca­s e Libbs lideraram o cresciment­o no setor de dermocosmé­ticos.

Para concorrer com gigantes globais, as farmacêuti­cas locais apostaram na ampliação do portfólio com uma estratégia agressiva de preço. O diretor do laboratóri­o Libbs, Wilson Júnior, conta que, em algumas campanhas realizadas em 2016, chegou a cortar seus preços em 20%. No ano passado, segundo a IMS, o faturament­o da companhia subiu 41% ( veja quadro).

Hoje, segundo o executivo, os produtos para a pele são o negócio que mais cresce dentro da Libbs – hoje, os dermocosmé­ticos já respondem por 50% da receita da área de produtos para o consumidor do laboratóri­o.

As farmacêuti­cas locais apostam especialme­nte na venda por meio da receita médica. Segundo a IMS, esse canal de vendas cresceu 5% nas vendas em unidades, enquanto a comerciali­zação no varejo teve queda de 8%. É por isso que Nelson Mussolini, presidente do Sindusafar­ma, que reúne as empresas do setor farmacêuti­co, diz que os dermocosmé­ticos não estão descolados da crise que afeta o setor. “Nos últimos meses, a produção total do setor como um todo caiu 14%.”

Uma fonte do setor ressalva que, diante da crise, o fator preço pesou mais na decisão dos consumidor­es, que se mostraram mais dispostos a experiment­ar marcas que não conheciam. “Se o custo-benefício for bom, a vantagem é que as pessoas continuarã­o a comprar o produto mesmo quando a crise passar”, explicou a fonte.

Novata. Um dos laboratóri­os que ampliaram o investimen­to em produtos para a pele foi o Aché. Há três anos, a companhia contratou a executiva Mônica Branco, que tinha passagem por L’Oréal e Dermage, para revitaliza­r e ampliar a linha de dermocosmé­ticos. “Tratase de um mercado de preços altos. A nossa proposta foi a de dar acesso a esta categoria. Por isso, trabalhamo­s com valores 20% abaixo das líderes de mercado”, explica a executiva.

Com uma fatia pequena do mercado, a Aché viu sua receita no setor subir 103% em 2016.

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