O Estado de S. Paulo

Grupo tinha um caso de amor com o Rio de Janeiro

Com a formação original, fazem dois shows em fevereiro de 1982 e só voltam ao País em 2007, no Estádio do Maracanã

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“O grupo faz um tipo de som direto, sem grandes efeitos, mas de empatia com o público jovem, principalm­ente os adeptos da chamada new wave.” Assim a edição do Estado do dia 17 de fevereiro de 1982 resumiu o som do The Police ao informar que, naquele dia, a banda faria sua segunda e última apresentaç­ão daquela turnê no Rio de Janeiro, no ginásio do Maracanãzi­nho. Era a primeira vez que a banda formada por Sting (baixo e voz), Andy Summers (guitarra) e Stewart Copeland (bateria) e apenas a capital fluminense havia sido incluída na turnê mundial ancorada pelo álbum Ghost in the Machine. O trabalho, lançado no ano anterior, viria a ser o penúltimo da banda e tinha, como maior sucesso, a música Every Little Thing She Does Is Magic.

Ao se despedir no segundo show consecutiv­o na cidade, o Police não voltaria tão cedo. Não com a banda em atividade, de forma propriamen­te dita. O retorno ocorreria 25 anos depois, no estádio do Maracanã, para a turnê que marcava a reunião e a despedida da banda. Aquele giro, encerrado em 2008, foi o último do trio – e, ao arrecadar US$ 358 milhões e ter vendido 3,7 milhões de ingressos, se tornou a mais bem-sucedida turnê da época.

Curioso que o caso de amor do Police com o Brasil tenha se restringid­o apenas ao Rio de Janeiro – hoje em dia, é algo inimagináv­el, com exceção de algumas atrações do Rock in Rio que, por contrato de exclusivid­ade com o festival, são impossibil­itadas de se apresentar­em em outras cidades do País.

Mas o ano era 1982 e o mercado do show biz brasileiro era outra coisa – e o Rio de Janeiro enfeitiçav­a os três integrante­s do grupo inglês. Alguns artistas internacio­nais já haviam pisa- do em solo brasileiro. Alice Cooper, Genesis e, principalm­ente o Queen, já haviam aberto à foice esse caminho até o Brasil. Com o Police, contudo, fora diferente. O trio surfava na crista da popularida­de como poucas bandas naquele início da década de 1980. Era a banda do momento, que reunia influência­s do além-mar. Ingleses recriando o reggae. Canções solares para uma década que, depois, ficou marcada pela escuridão dos versões de um rock quase gótico de The Cure e The Smiths.

No Brasil, na época do Police, por aqui se alardeavam os feitos enfileirad­os pelo trio. “Atualmente, o The Police é o único grupo da música popular a ter conseguido, em apenas quatro anos de carreira, nada menos do que 10 discos de ouro e 12 de platina”, elogiava o Estado. Quatro anos depois, o Police se deteriorav­a. Um sexto disco teve sua feitura cancelada. Sting decidiu perseguir uma carreira solo. “Estava claro que o Sting não tinha interesse em compor músicas para o Police”, escreveu Summers, na caixa de discos do Police Message in a Box.

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FOTOS IARLI GOULART Canções solares para uma década que, depois, ficou marcada pela escuridão
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Popularida­de.

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