Trio francês abre o ano da Cultura Artística
No 30º aniversário, o Wanderer faz dois concertos na Sala São Paulo
A história começa quando três colegas de conservatório em Paris resolveram se reunir em um grupo de câmara. “Foi uma decisão despretensiosa. Não havia nenhum objetivo além de fazer música. E mais de um professor tentou nos dissuadir”, conta o pianista Vincent Coq. Ainda assim, ele, o violinista Jean-Marc Phillips-Varjabédian e o violoncelista Raphael Pidoux foram adiante. Criaram o Trio Wanderer que, em 2017, comemora seus 30 anos de atividades.
A turnê passa hoje e amanhã por São Paulo, quando o Trio abre a temporada da Cultura Artística na Sala São Paulo. No programa de hoje, interpretam Beethoven, Tchaikovski e Schubert; amanhã, mais Beethoven e uma seleção de obras do século 20, os trios de Fauré e Ravel e Vitebsk, de Aaron Copland. “O primeiro programa traz dois grandes monumentos, as peças de Beethoven e Tchaikovski, com uma pequena joia, que é o Schubert, no meio.” Já no segundo, a ideia foi montar um caleidoscópio. “Depois do Beethoven, adentramos um outro mun- do, o das harmonias estranhas e belas de Ravel e Fauré, além de Vitebsk, que mostra um Copland que pouco tem a ver com o compositor que mais tarde se dedicaria a recriar a paisagem americana em música.”
Porta-voz do grupo, Coq diz que a diversidade do repertório é um objetivo na vida do grupo. Mas é preciso aqui voltar à origem de tudo: o nome do trio. Wanderer é uma homenagem a Schubert e a uma personagemsímbolo do romantismo. “O andarilho é aquele que deixa sua casa e parte em uma viagem para descobrir a si mesmo e ao mundo. Mas o importante é que ele não sabe para onde vai, está interessado na jornada. E nesse sentido fazemos uma relação com o trabalho do artista. Para nós, fazer arte é acreditar nesse caminho livre, na possibilidade de constantemente encontrar algo novo. Sem rotinas.”