Obras contagiantes
quela experiência se repete agora.
Como na entrada do Sesc Ipiranga, onde o visitante (re)descobre a obra de Loyola Brandão, colunista do Caderno 2 – todas as paredes do hall de entrada foram revestidas com páginas de Zero, que vieram de mais de 100 exemplares. Também totens com fotografias de pessoas que representariam os persona- gens do romance estão espalhados pelo salão, inclusive com o próprio Loyola “interpretando” um deles. No topo de cada totem, descobrem-se folhas do romance, que podem ser arrancadas e colecionadas. “Esperamos que as pessoas explorem o livro, afim de descobri-lo a partir de seu caráter fragmentário”, observa Fernando de Li- ma, curador da exposição.
Ainda na entrada, o visitante terá contato com o primeiro trabalho dos artistas convidados para participar do Contaminações. Em Cubo Curioso Abrigo Ternurinha, Franklin Cassaro convida as pessoas a olhar para um buraco em uma estrutura plástica. Lá dentro, a representação de um aparelho de tortura, o que provoca um diálogo com o violento cenário do livro, escrito durante a ditadura militar. “Tinha pensado em um pau de arara, mas achei que seria violento demais”, comenta o artista, que convidou a performer Mábia Zambi para uma apresentação na noite de hoje.
Caminhando para a sala de leitura do Sesc, o visitante encontrará a Bolha de Leitura, estrutura formada com boias, onde se vê uma cadeira dentro. Lá, acontecerão leituras das três obras destacadas, que as pessoas poderão acompanhar com fones de ouvido. A primeira a fazer uma leitura será a atriz Letícia Saba- tella. Ao lado, a instalação de Heleno Bernardi, Enquanto Falo, as Horas Passam, composta por colchões em formatos humanos. Quem tomar o rumo das piscinas, encontrará mais novidades. “Pedi ao Cristiano Mascaro para utilizar fotos que ele fez em 2005 com pessoas que moram nas ruas”, conta Daniela, apontando para enormes e belíssimas fotos em preto e branco.
Na piscina, a parede lateral foi recoberta com um imenso pano, onde foram bordados trechos dos livros homenageados. “Não há identificação de onde vem cada trecho, assim queremos estimular a curiosidade das pessoas”, acrescenta Fernando.
Ao final do caminho, acontece o encontro com uma belíssima criação de Roberto Evangelista, inspirado agora no livro de Ruffato: caixas de sapato vazias de um lado, uma enorme quantidade de calçados do outro e um caminho limpo entre ambos. “É a transitoriedade da vida”, explica o artista, cuja obra causa impressão e prepara o visitante para o momento mais solar da exposição: o dedicada ao livro de Sergio Sant’Anna.
Em uma sala, o visitante encontrará antigos monitores de TV em que, ao se aproximar, será possível ouvir depoimentos de figuras importantes como Tom Jobim, Antunes Filho e o próprio Sant’Anna. Na sala ao lado, um trabalho que deverá encantar especialmente as crianças: a videoinstalação Call Waiting, de Eder Santos, com gaiolas de verdade e projeções de pássaros.