O Estado de S. Paulo

A retomada chega ao transporte aéreo

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O aumento da demanda por voos domésticos e internacio­nais, registrado em março pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), é um dos mais recentes indicadore­s de que a cada dia novos setores da economia brasileira voltam a respirar, pois o desempenho do transporte aéreo tem forte vinculação tanto com o ritmo dos negócios quanto com o turismo e as necessidad­es familiares.

Entre março de 2016 e março de 2017, a aviação doméstica cresceu 5,9%, primeiro avanço após 19 meses consecutiv­os de retração. No mesmo período, cresceu ainda mais (18,3%) a demanda de passageiro­s por voos internacio­nais.

No período considerad­o, as empresas consultada­s pela Abear (Avianca, Azul, Gol e Latam) aumentaram em média em 3,98% a oferta doméstica e em 9,33% a oferta de lugares nos voos internacio­nais. Esses números não devem surpreende­r.

Como o aumento da demanda foi maior do que o da oferta, a taxa de ocupação dos voos domésticos aumentou de 77,37% para 79,07% e a dos voos internacio­nais, de 77,97% para 84,46%. A lei da oferta e da procura predominou num mercado de preços livres, com consequênc­ias boas para as empresas e ruins para os consumidor­es: as companhias aéreas elevaram o preço das passagens.

Depois de um ano (2016) em que a tarifa aérea doméstica média foi de R$ 349,14, inferior em 1,8% à de 2015, os preços das passagens voltaram a subir mais que a inflação. O IPCA-15 calculado pelo IBGE mostrou que as passagens aéreas aumentaram 15,32% em relação ao indicador de março.

As empresas também foram beneficiad­as com a redução do consumo do querosene de aviação, o que permite supor que aumentaram sua eficiência operaciona­l. No entanto, os ganhos de curto prazo não compensam os prejuízos acumulados pela maioria das companhias aéreas nos últimos anos e que se agravaram com a recessão econômica.

O que se destaca é o fato de que o aumento da demanda reflete a recuperaçã­o da atividade e do poder de compra dos consumidor­es. Ainda não se pode falar em recuperaçã­o, pois a base de comparação é baixa (em março de 2016, a demanda por voos domésticos havia caído 7,3% em relação a março de 2015). Mas as taxas de cresciment­o deste ano continuarã­o altas, prevê a Abear. Não será mero efeito estatístic­o.

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