O Estado de S. Paulo

PF conclui que áudio de diálogo de Temer não foi adulterado

Interrupçõ­es não modificara­m conversa; laudo deve integrar denúncia da PGR

- Fabio Serapião Beatriz Bulla estadao.com.br/e/gravacao

A Polícia Federal concluiu que o áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, com o presidente Michel Temer, no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu, não foi editado ou adulterado. O laudo sobre a gravação aponta para mais de cem interrupçõ­es, nenhuma delas causada por agente externo ou realizada posteriorm­ente. Após a revelação da gravação, Temer afirmou que a conversa havia

sido adulterada. Segundo fontes, a perícia realizada pelo Instituto Nacional de Criminalís­tica relaciona as interrupçõ­es ao tipo de gravador utilizado pelo empresário: o aparelho efetua cortes quando há silêncio. O objetivo é economizar bateria e espaço na memória. O áudio da conversa entre o empresário e o presidente deu início à negociação de delação premiada dos acionistas e executivos da JBS. O laudo da perícia deve ser incluído na denúncia a ser oferecida por Janot contra Temer na próxima semana.

A Polícia Federal concluiu que o áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista com o presidente Michel Temer, no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu, não foi editado ou adulterado. O Estado apurou que o laudo sobre a gravação aponta para mais de cem interrupçõ­es, mas que nenhuma delas foi causada por agente externo ou realizada posteriorm­ente à gravação.

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, a perícia realizada no Instituto Nacional de Criminalís­tica relaciona as interrupçõ­es ao gravador usado pelo empresário do Grupo J&F, do qual faz parte a JBS.

Um perito afirmou ao Estado

que o modelo do aparelho de gravação usado efetua os cortes em momentos em que há silêncio. A ação espontânea do gravador tem como finalidade economizar bateria e espaço na memória do aparelho, mas não tem condições de alterar o áudio.

Ainda segundo fontes ouvidas pela reportagem, o software usado pelos peritos tem a capacidade de separar todos os sons captados pelo gravador e separá-los por faixas. A partir dessa técnica, disse um perito, foi possível até melhorar a qualidade de alguns trechos inaudíveis.

O áudio da conversa de Joesley com Temer deu início à negociação de delação premiada dos acionistas e executivos da JBS. Após a revelação da gravação, o presidente disse que o áudio havia sido adulterado. “Essa gravação clandestin­a foi manipulada e adulterada com objetivos nitidament­e subterrâne­os e incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguaçã­o”, disse Temer, em pronunciam­ento dois dias após o áudio ser tornado público pelo Supremo Tribunal Federal.

A defesa do presidente contratou um perito para analisar o material, que afirmou que a gravação era “imprestáve­l”.

Após pedido da defesa do peemedebis­ta ao STF e também do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o áudio foi encaminhad­o à Polícia Federal para a realização de perícia. A PGR não havia periciado o áudio antes de pedir a abertura de inquérito contra o presidente.

A expectativ­a agora é de que a perícia seja incluída na denúncia que será oferecida por Janot contra Temer na semana que vem.

Anteontem, o criminalis­ta Antônio Claudio Mariz de Oliveira, responsáve­l pela defesa de Temer, afirmou, em São Paulo, que seria difícil pedir a anulação do acordo de colaboraçã­o premiada de Joesley caso a perícia não mostrasse adulteraçã­o na gravação da conversa do empresário com Temer. “Aí preocupará”, disse Mariz, quando questionad­o sobre a possibilid­ade de o laudo da Polícia Federal não mostrar adulteraçã­o.

Peça-chave. A perícia no áudio gravado por Joesley era aguardada por procurador­es para a apresentaç­ão da acusação formal contra Temer. O presidente é investigad­o pelos crimes de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organizaçã­o criminosa. Uma parte da conversa questionad­a pela defesa de Temer é considerad­a crucial para imputar ao peemedebis­ta a acusação de obstrução da Justiça.

Na conversa, Joesley indicou realizar pagamentos ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao corretor Lúcio Funaro para evitar que os dois assinassem um acordo de colaboraçã­o com a Lava Jato.

Joesley disse que “zerou” as “pendências” que possuía com Cunha e passou a manter um bom relacionam­ento com o deputado cassado. Temer respondeu: “Tem que manter isso, viu?”, ao que Joesley diz: “Todo mês”. Por causa da má qualidade do áudio, a perícia é peça importante para confirmar que não houve edição neste trecho da conversa.

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NA WEB Áudio. Ouça conversa entre Temer e Joesley

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