O Estado de S. Paulo

Cármen Lúcia pede varredura

STF conclui na próxima quarta-feira se acordos de delação já homologado­s poderão ser revistos

- Beatriz Bulla Rafael Moraes Moura DANIEL WETERMAN / COLABOROU

PF vai fazer varreduras no gabinete e em telefones da presidente do STF, Cármen Lúcia, de ministros que assim quiserem e no terceiro andar do prédio.

Ministros do Supremo Tribunal Federal apostam que a Corte vai impedir a revisão dos acordos de delação já homologado­s. A definição deve se concretiza­r com o fim do julgamento sobre a colaboraçã­o dos executivos do Grupo J&F, na quarta-feira.

Até agora, nas duas sessões de discussão do caso, os ministros se dividiram. Parte defende a impossibil­idade da revisão das cláusulas do acordo após a homologaçã­o, sustentand­o que a Justiça deve ter atuação limitada para dar segurança à delação.

Os ministros Luiz Fux e Luís Roberto Barroso fizeram defesa enfática desse ponto de vista – e ganharam o apoio do relator da Lava Jato, Edson Fachin. A expectativ­a é de que esse entendimen­to tenha respaldo do decano, Celso de Mello, da presidente da Corte, Cármen Lúcia, e de Rosa Weber.

Celso de Mello afirmou, após a sessão de anteontem, que a maioria vai impedir a revisão de cláusulas na “etapa final”. “O dissenso que ficou claro no substancio­so voto do ministro (Ricardo) Lewandowsk­i consiste no fato de que Sua Excelência entende que será revisível alguma cláusula do acordo quando dessa etapa final. A maioria, no entanto, entende de forma diferente”, disse. O ministro ainda não votou, mas já deu sinais claros do seu entendimen­to.

‘Legitimida­de’. No intervalo da sessão de anteontem, em meio a um debate acirrado, Celso de Mello tentava convencer Fachin da importânci­a em fazer essa definição desde já. “Dá legitimida­de ao julgamento”, disse o decano ao relator. Fachin, que no início evitou trazer essa delimitaçã­o de forma mais contundent­e, consentiu com a cabeça ao descer a escada no plenário.

Ontem, Fux fez a mesma previsão que o decano ao apostar que o plenário não vai permitir a revisão. “O que não pode é suprimir os benefícios, o que o colaborado­r ofereceu, se tudo correr conforme o termo de compromiss­o”, disse, em São Paulo. E completou: “Não concordo com a possibilid­ade de rever delação no julgamento”.

A delimitaçã­o do poder da Justiça sobre os acordos é crucial para a continuida­de das delações. A avaliação é de que o Ministério Público ganhará força para negociar se o STF confirmar que as cláusulas não podem ser revistas. Assim, o delator não corre o risco de perder benefícios. Lewandowsk­i foi o único a manifestar, entre os que já votaram, posição favorável à revisão. Devem acompanhá-lo Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO JBS. Maioria da Corte votou por manter Fachin como relator
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