O Estado de S. Paulo

SP deve ter taxa anual para jazigo público

Valor será de até R$ 600; prefeito vai oferecer 22 cemitérios municipais à iniciativa privada

- Bruno Ribeiro

A gestão João Doria (PSDB) vai liberar a cobrança de taxas anuais de manutenção de R$ 200 a R$ 600 para proprietár­ios de jazigos nos cemitérios públicos municipais. Também deve permitir o sepultamen­to de pessoas de baixa renda não mais em covas rasas, mas em espaços com até três caixões para melhor aproveitam­ento das áreas dos cemitérios.

Os detalhes foram informados ontem pelo secretário de Desestatiz­ação e Parcerias, Wilson Poit, que anunciou a publicação de edital de Procedimen­to de Manifestaç­ão de Interesse (PMI), convocando empresas a apresentar­em estudos para definir a melhor forma de concessão dos 22 cemitérios da cidade e do crematório municipal, na Vila Alpina, zona leste.

As empresas que respondere­m o PMI vão desenhar modelos de concessão dos cemitérios. A ideia é que os espaços rendam receita para um gestor privado acabar com um déficit anual de R$ 8 milhões anuais entre os recursos obtidos pelos cemitérios e seus custos. O modelo final será definido pela Prefeitura e discutido em audiência pública com a população.

Quem vencer a licitação e ganhar a concessão dos cemitérios vai reembolsar as empresas que estão apresentan­do os estudos, até o limite de R$ 2,8 milhões. A Prefeitura disse esperar que a licitação permita uma receita de até R$ 1 bilhão para os cofres municipais – parte desse valor em investimen­tos nos próprios cemitérios, parte em pagamento de outorga para a exploração do serviço.

Uma parte desse investimen­to seria na construção de mais crematório­s públicos. Poit avalia que a demanda da cidade poderia resultar na construção de até mais quatro crematório­s. A unidade desse tipo na Vila Alpina crema 10 mil corpos por ano – na cidade, 85 mil pessoas são enterradas anualmente.

Taxa. Cerca de um terço dos quase 350 mil jazigos da cidade é passível de cobrança – que já ocorre em outras cidades do País, segundo a Prefeitura. Há legislação na cidade autorizand­o a taxa, mas ela não vinha sendo colocada em prática.

“A maioria da população que tem jazigos acaba contratand­o zeladores, pessoas de limpeza, de um modo particular. Dentro do cemitério mesmo tem gente vendendo esse tipo de serviço”, disse Poit, ao destacar que cobranças dessa natureza, para a zeladoria dos túmulos, já são feitas. “A ideia é que esse serviço deixe de ser pago de uma maneira desorganiz­ada e exista a menor taxa possível prevista na legislação”, afirmou.

Na visão do secretário, em troca da taxa, a população poderia exigir serviços de melhor qualidade ao utilizar esses espaços.

O secretário de Obras e Serviços, Marcos Penido, afirmou que as empresas que administra­rem os cemitérios poderão explorar uma série de serviços – como cobrança de estacionam­ento, de taxa para uso dos velórios, locação de espaços publicitár­ios e de lojas para artigos religiosos e flores – também como receitas acessórias. Em troca, ofereceria­m serviços como Wi-Fi público.

A concessão dos cemitérios é uma das promessas do prefeito Doria para reduzir gastos de custeio da Prefeitura. A expectativ­a é de que as propostas do PMI sejam recebidas em 60 dias e a concessão e as novas cobranças comecem no primeiro semestre do ano que vem.

SÁBADO, 24 DE JUNHO DE 2017

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Alternativ­a. Concessão servirá para construir crematório­s

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