O Estado de S. Paulo

Aliados no PSDB reagem a ação para destituir tucano

Presidente licenciado, Aécio tem o apoio da ala mineira para postergar Executiva e se manter no comando do partido

- Renan Truffi / BRASÍLIA Pedro Venceslau

Com nove inquéritos em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ainda tenta resistir a um processo de renovação da Executiva nacional de seu partido.

Presidente licenciado da legenda, o mineiro já avisou que não pretende renunciar, e seus aliados também buscam postergar a troca de comando na direção partidária para que ele se mantenha no cargo.

“O Tasso (Jereissati) tem a confiança de todo o partido. Interino ou não, a autoridade dele é a mesma. Não sei por que querem colocar isso (eleição de uma nova Executiva) como prioridade neste momento, não há razão. É uma forma indireta de querer ficar provocando o senador Aécio Neves”, disse o presidente estadual do PSDB em Minas, deputado Domingos Sávio, um dos principais aliados do senador afastado.

O Estado/Broadcast apurou que a resistênci­a mineira foi o fator responsáve­l pelo adiamento da última reunião da Executiva, que ocorreria na quarta-feira. O encontro serviria justamente para que os tucanos sacramenta­ssem uma antecipaçã­o da convenção nacional do partido, com o objetivo de eleger o presidente interino e senador

• Posição definida

A ala jovem do partido, os “cabeças pretas”, e o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman (SP), fazem coro interno para que Aécio Neves renuncie à presidênci­a da sigla o mais rápido possível. Tasso Jereissati (CE) de forma definitiva.

Discórdia. O que tem causado discórdia, no entanto, é a proposta de renovação de toda a composição da Executiva, e não apenas de seu presidente. Isso porque estão muito avançadas as articulaçõ­es para que essa convenção ocorra entre agosto e setembro deste ano, em vez de maio de 2018, como estava inicialmen­te prevista antes da delação da JBS.

O grupo político do governador Geraldo Alckmin (SP) apresentou uma proposta para que a Executiva ganhe representa­ntes dos governador­es e prefeitos do partido. O que está por trás disso é uma tentativa do tucano de ampliar sua influência.

O prefeito de São Paulo, João Doria, também concorda com a renovação antecipada e ampliada para todas as instâncias partidária­s. “Considero a ideia correta e democrátic­a. A Executiva do partido deve reproduzir sua força legislativ­a e executiva”, disse ao Estado. O representa­nte dos prefeitos seria Doria e dos governador­es, Marconi Perilo (GO), também aliado de Alckmin.

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