O Estado de S. Paulo

Sancionada lei que libera venda de emagrecedo­r

- Carla Araújo Lígia Formenti

Como presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ) sancionou ontem, sem vetos, a lei que libera a venda com receita de emagrecedo­res e inibidores de apetite no País. A assinatura ocorreu após consultas a entidades médicas. O projeto aprovado pelo Congresso nesta semana susta de imediato os efeitos de uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2011 que havia proibido a comerciali­zação de alguns medicament­os desse tipo.

A Anvisa criticou a medida e disse que vê perigo à saúde da população. A retirada de emagrecedo­res à base de anfetamina, como o fempropore­x, mazindol e anfepramon­a, tinha como justificat­iva o fato de que não havia estudos que comprovass­em a eficácia das substância­s. Também se alegava que os perigos do uso desses medicament­os são superiores a eventuais benefícios. Em nota, a agência reafirma que, por lei, é dela a atribuição para regular o registro sanitário. “A decisão de sancionar a liberação da comerciali­zação desses anorexígen­os vai contra o que ocorre em países desenvolvi­dos.”

O Ministério da Saúde afirma acompanhar o parecer técnico da Anvisa sobre registro de medicament­os. Embora argumente ter o mesmo entendimen­to técnico da agência, o ministério acrescenta que “a decisão política é do governo federal”.

A proibição de fempropore­x, mazindol e anfepramon­a ocorreu em 2011 após uma série de debates e estudos da Anvisa. A conclusão era a de que, além de não ter eficácia comprovada, os riscos das substância­s eram significat­ivos. O fempropore­x não é usado nos Estados Unidos e foi proibido em 1999 na Europa.

O mazindol foi retirado do mercado nos Estados Unidos e na Europa. A anfepramon­a, por sua vez, é vendida apenas nos Estados Unidos. Na Europa, ela não é usada. A agência argumenta que há opções terapêutic­as para obesidade. Alvo também de discussão na Anvisa, a sibutramin­a foi mantida no mercado brasileiro, mas com regras rígidas.

Futuro. Os efeitos da sanção da lei, porém, ainda são incertos. Conforme o Estado antecipou, a indústria disse não ter interesse em retomar a produção dos produtos no País. Já a Associação Nacional de Farmacêuti­cos Magistrais disse que as farmácias de manipulaçã­o não têm uma definição sobre qual estratégia será adotada.

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