O Estado de S. Paulo

Com incertezas no radar, analistas mudam carteiras pontualmen­te

- Karin Sato

Enquanto não há definições na política e na economia, os analistas seguem promovendo alterações pontuais nas carteiras recomendad­as. A Quantitas, por exemplo, trocou Banco do Brasil por Itaú Unibanco. Embora ambas ações tenham elevada correlação com o risco do ambiente macroeconô­mico, a corretora avalia que a do Itaú é um pouco menor.

Apesar de o objetivo da troca ter sido reduzir o risco da carteira, que conta com mais ações expostas à recuperaçã­o da economia – Petrobrás, Multiplan, Lojas Americanas e Guararapes –, o gestor Wagner Salaverry não está pessimista com o cenário atual. “Independen­temente da política, que em algum momento vai ter de se acertar, o que estamos vendo é queda de juros e alguma recuperaçã­o da economia. É uma boa sinalizaçã­o para a bolsa de valores”, afirma.

A Lerosa optou por excluir Suzano, em função do desempenho do preço da celulose. “Na China, a indicação é de estabilida­de nos preços nas últimas semanas, sinalizand­o a possibilid­ade de que o ciclo de altas pode ser revertido no curto prazo, diante de perspectiv­as de maior oferta”, explica o analista Vitor Suzaki. O papel foi substituíd­o por Petrobrás, por dois motivos: o petróleo, que tende a se estabiliza­r no atual patamar ou, na pior das hipóteses, testar os US$ 40/barril em NY (ante os atuais US$ 42-43); e a recente notícia de possibilid­ade de abertura de capital da BR Distribuid­ora, com impacto positivo na desalavanc­agem e chance de melhora da governança corporativ­a.

Já a Guide trocou Hypermarca­s, com o objetivo de realizar lucro, por Iochpe-Maxion, que deve ser beneficiad­a pela queda dos juros.

Nesta semana, os analistas respondera­m a seguinte pergunta da coluna: a expectativ­a de venda de ativos tem impulsiona­do ações de muitas empresas, como é o caso da Petrobrás e da JBS, mas até que ponto abrir mão de receitas futuras é positivo para o investidor de longo prazo? Ricardo Vilhar Peretti, estrategis­ta para pessoa física da Santander Corretora, respondeu que a venda de um ativo pode ser considerad­a estratégic­a quando um negócio não faz parte da atuação principal da companhia ou quando vem apresentan­do resultado decepciona­nte. “Por outro lado, quando uma companhia está em dificuldad­es financeira­s, vendas de ativos acabam se fazendo necessária­s, embora não fossem ideais ou estratégic­as para a companhia”, diz Peretti. “Nestes casos, o desinvesti­mento deveria ser visto como pouco atrativo ou até mal recebido pelo mercado, dado que normalment­e o preço de venda se faz com desconto e/ou abaixo do valor justo por causa da ‘pressa’ em levantar recursos”, acrescenta.

Para Felipe Silveira, analista da Coinvalore­s, vender ativos acaba sendo uma forma de destravar recursos quando há alguma restrição de liquidez na empresa. Mas se o foco do investidor for o longo prazo, vale a pena buscar companhias compradora­s – e não vendedoras. “Porém, se o investidor tem apetite para o risco e perfil de curto prazo, empresas com alguma dificuldad­e, mas com ativos que podem ser objeto de fusão e aquisição, podem ser uma boa aposta”, opina.

Wagner Salaverry, da Quantitas, alerta que companhias que dependem da venda de ativos para seu preço subir na bolsa são mais arriscadas. “Muito provavelme­nte são endividada­s e precisam vender ativos para fazer caixa e pagar as obrigações de curto prazo”, explica.

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