O Estado de S. Paulo

Caixa suspende empréstimo com dinheiro do FGTS

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A Caixa Econômica Federal (CEF) não admite oficialmen­te que a suspensão por prazo indefinido da linha de crédito pró-cotista – destinada ao financiame­nto de imóveis de valor de até R$ 950 mil nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e de até R$ 800 mil nos demais Estados, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – tenha que ver com os saques de contas inativas do fundo.

O fato é que a Caixa reservou um total de R$ 41,4 bilhões dessas contas para os saques, que têm sido muito elevados e poderão ser feitos até o início de julho. Esse dinheiro tem contribuíd­o para aliviar a situação financeira de milhões de brasileiro­s, com reflexos positivos sobre o ritmo de atividade da economia, mas, pelo volume de desencaixe, certamente pressionou a capacidade de financiame­ntos da instituiçã­o.

O setor imobiliári­o, frontalmen­te atingido pela crise e que tem papel crucial na geração de emprego, tem sido um dos mais penalizado­s com o enxugament­o do crédito para a compra de imóveis, área em que a Caixa tem tido atuação prepondera­nte.

O orçamento da linha pró-cotista, por exemplo, foi subestimad­o, sendo fixado em R$ 5 bilhões para 2017, volume claramente insuficien­te para dar conta da demanda. Para evitar problemas maiores, o Ministério das Cidades, atendendo a pedido da Caixa, alocou em maio R$ 2,54 bilhões adicionais para o programa, que se caracteriz­a por cobrar juros baixos, superiores apenas àqueles do programa Minha Casa, Minha Vida.

A interrupçã­o, anunciada há pouco pela Caixa, dos financiame­ntos do pró-cotista neste momento afeta a procura de casa própria pela classe média. Observa-se que a inadimplên­cia nessa linha é baixa, uma vez que só podem ter acesso a ela trabalhado­res com carteira assinada, com pelo menos três anos de vínculo com o FGTS. Comprovand­o a força dessa demanda, os financiame­ntos no prócotista atingiram R$ 7,54 bilhões nos últimos seis meses, 37% mais que em todo o ano de 2016 (R$ 5,5 bilhões).

Espera-se que a existência de forte procura, a baixa dos juros e a recente decisão do Banco Central de acabar com o adicional sobre o compulsóri­o da poupança estimulem os bancos privados a buscar maior atuação no crédito imobiliári­o, ocupando, em parte, o espaço que a Caixa deixa em aberto nesse mercado.

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