O Estado de S. Paulo

Prévia do IPCA fica em 0,16% em junho

Variação no 1º semestre foi de 1,62%, a menor desde 1994; em 12 meses, índice está em 3,52%

- Vinicius Neder / RIO / COLABORARA­M CAIO RINALDI, CÉLIA FROUFE, MARIA REGINA SILVA E THAÍS BARCELLOS

A prévia do índice oficial de inflação de junho registrou alta de 0,16%, após subir 0,24% em maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), veio ligeiramen­te acima do que esperava o mercado, na média, mas reforçou o processo de arrefecime­nto da inflação.

A variação acumulada em 12 meses até junho, de 3,52%, é a menor desde junho de 2007, quando a alta nessa base foi de 3,44%. Já o avanço de 1,62% na primeira metade do ano foi a menor variação para um primeiro semestre na história do real, moeda implantada em 1994.

Em junho, a desacelera­ção do IPCA-15 foi puxada pelo grupo Alimentaçã­o e Bebidas, que registrou deflação de 0,47%. “A queda nos alimentos foi ainda mais intensa quando considerad­os os produtos comprados para consumo em casa, que chegaram a ficar 0,83% mais baratos”, diz a nota divulgada pelo IBGE. Os preços do grupo Transporte­s também puxaram o índice para baixo, com deflação de 0,10%. O item combustíve­is teve queda de 0,66%.

Alguns analistas esperam deflação no IPCA fechado de junho. “A projeção para o IPCA de junho é de deflação de 0,09%, puxado por alimentos e transporte­s”, disse o economista-chefe da Parallaxis, Rafael Leão.

No médio prazo, com os preços bem comportado­s, analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast preferiram destacar que há espaço para o governo reduzir a meta de inflação de 2019 em diante para 4,25%, em vez de apostar num corte mais forte dos juros. Uma decisão sobre a meta será tomada na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), na próxima quinta-feira.

Para o economista sênior da Pantheon Macroecono­mics, Andres Abadia, a inflação seguirá sob controle. Em sua projeção, haverá queda constante da taxa anualizada nos próximos meses. “A fraca demanda interna e os efeitos de base favoráveis apoiam essa visão”, disse Abadia, se referindo à comparação com meados do ano passado, quando a inflação estava pressionad­a.

“As expectativ­as de inflação estão ancoradas e deveriam

SÁBADO, 24 DE JUNHO DE 2017

aproveitar essa oportunida­de. A meta no Brasil é muito elevada”, disse o economista da Órama Investimen­tos e professor do Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santo.

“Ancorar” as expectativ­as é, no jargão do mercado, como os economista­s chamam o trabalho dos bancos centrais de convencer os agentes econômicos de que a inflação ficará baixa no futuro. Nos sistemas de metas de inflação, essa é uma das formas pela quais a política monetária atua.

Apesar da inflação baixa, a maioria segue projetando um próximo corte de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic (hoje em 10,25% ao ano), por causa das incertezas políticas.

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