O Estado de S. Paulo

Mercado prevê meta de inflação menor

- THAÍS BARCELLOS e MARIA REGINA SILVA

Após 15 anos de balizament­o da inflação no nível de 4,5%, a meta inflacioná­ria central de 2019 deve ser ligeiramen­te menor, de 4,25%, segundo 29 das 31 expectativ­as coletadas na pesquisa do Projeções Broadcast. O levantamen­to tem uma previsão de permanênci­a em 4,5% e uma de declínio para 4%

As estimativa­s dão força para o mercado apostar que essa será a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) na reunião de quinta-feira. Os economista­s consultado­s também argumentam que a queda para 4% poderia ser arriscada neste momento em que as incertezas políticas enevoam o cenário.

Em outro levantamen­to, realizado no inicio de março, de 25 instituiçõ­es, 17 viam o possível novo alvo entre 4% e 4,25%. Desse total, oito afirmavam não acreditar em mudança de meta.

A estimativa mediana para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2019 também ficou em 4,25%, a partir do intervalo de 4% a 4,5%. Já as previsões para 2018 variam de 3,9% a 4,5%, com mediana de 4,3%.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reconheceu ontem que a redução da meta de inflação para 2019 é uma possibilid­ade importante, mas ponderou não haver pré-decisão. “Temos boas condições para analisar qual será a meta para 2019”, disse, ao citar a queda da inflação corrente e das expectativ­as.

Para alguns analistas, se a meta ficar inalterada, pode ocorrer uma desancorag­em das expectativ­as. “A manutenção da meta em 4,5% poderia ser mal recebida pelos mercados, então vale a pena acompanhar a decisão com atenção”, avaliou a Rosenberg Associados, em relatório.

O economista-chefe da Garde Asset, Daniel Weeks, afirma que essa manutenção poderia elevar as expectativ­as para 2019. “A redução da meta é uma decisão ‘barata’ para o Banco Central e daria boa sinalizaçã­o ao mercado”, disse, ressaltand­o que a mudança não prejudicar­ia o atual ciclo de corte de juro.

Weeks acredita que o CMN optará por uma meta de 4,25%, mas a escolha pelo patamar de 4% sinalizari­a que o governo continuari­a no esforço de aprovação das reformas. Essa é a aposta do economista-chefe do Rabobank Brasil, Mauricio Oreng. “Acho que deveria ir para 4%, mas pode ser que fique em 4,25%”. Essa é a razão que leva o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a descartar a opção da redução mais intensa de 4%. “Só veria possível se não houvesse a crise política e se a reforma da Previdênci­a tivesse sido aprovada”./

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