O Estado de S. Paulo

Brasileira­s remam rumo a Tóquio

Andrea Oliveira e Angela Aparecida treinam forte para disputar os Jogos de 2020; e os resultados são bastante promissore­s

- Nathalia Garcia NA WEB Vídeo. Canoístas se preparam em lagoa em Curitiba

Primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma Olimpíada, Isaquias Queiroz ampliou o horizonte para a canoagem velocidade no Brasil. Abaiana Andrea Oliveira e a paulista Angela Aparecida aproveitam para remar nessa correnteza. Umadas novidades para a Olimpíada de Tóquio, em2020,éa introdução das provas de canoa feminina – C1 200 m e C2 500 m–,ea dupla brasileira já desponta como promessa no cenário internacio­nal.

Em maio, Andrea e Angela trouxeram para casa a medalha de ouro na disputa de C2 200 metros na etapa da Copa do Mundo de Szedeg, na Hungria. A prova não consta no programa olímpico, mas o pódio serve como parâmetro para o trabalho em desenvolvi­mento.

Balancear a força de Angela e a explosão de Andrea é a fórmula buscada pelo português Rui Fernandes, técnico da seleção brasileira permanente. As canoístas, que trocaram de posição na embarcação recentemen­te, ainda estão na fase de adaptação. Os resultados, por sua vez, já indicam que a inversão foi acertada. “A Andrea marca melhor na frente, eu consigo apoiar melhor atrás. Sou mais resistente e ela é mais rápida. A gente se dá bem”, diz Angela.

De olho no Mundial da República Checa, em agosto, as brasileira­s concentram os esforços na preparação para a distância 500 metros. “Precisamos manter a velocidade em ritmo constante e deixar o barco sempre alinhado. Qualquer deslize é fatal”, afirma Andrea.

Parceiras dentro da água, as atletas também estão juntas fora dela. Cumplicida­de e sintonia que se entrelaçam no esporte e na vida. Além da embarcação, dividem um apartament­o em Curitiba, em um condomínio

ocupado pelos atletas enquanto integram a seleção brasileira permanente de canoagem.

Origens. O frio da capital paranaense é a única reclamação de Andrea, que nasceu em Aurelino Leal, no interior da Bahia. A cidade se separa de Ubaitaba – o ‘celeiro da canoagem’ – somente pelo Rio de Contas. A jovem conheceu o esporte em 2012, quando um amigo da capoeira, Dalvan Luz, a convidou para pegar a balsa e ir até a Associação Cacaueira de Canoagem. O que era brincadeir­a virou profissão depois da conquista da primeira medalha, em uma competição em Mato Grosso do Sul.

Andrea é uma das apostas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para os Jogos de Tóquio e participou do projeto Vivência Olímpica na Rio-2016. “Achei o máximo, teve várias palestras. As pessoas mostraram como é a rotina para que a gente não fique deslumbrad­o com tudo aquilo quando for competir. Foi uma experiênci­a muito boa”, exalta.

A baiana de 25 anos se destaca também no individual e já foi medalhista no Mundial Sub-23. Na etapa da Copa do Mundo na Hungria, terminou a prova C1 200 m (olímpica) na quarta posição. Apesar da proximidad­e com Isaquias Queiroz na escolinha baiana, nunca pediu conselhos sobre a canoagem ao conterrâne­o. “Eu sou bem quietinha, não sou muito de conversar”, justifica.

A timidez também é uma caracterís­tica de Angela, que se espelha na equipe masculina de canoagem velocidade reunida em Lagoa Santa (MG) e deseja um dia ser orientada por Jesús Morlán. Até hoje guarda o conselho dado pelo espanhol em um encontro casual, em 2014. “Ele me mandou seguir em frente, falou que eu tinha bastante futuro. Disse que eu não poderia desistir e que tinha de batalhar pelo meu sonho. Em um momento em que estava desacredit­ada, foi uma pessoa que me ajudou bastante. Teve 70% de influência na minha decisão de continuar” relembra.

O esporte mostrou para Angela um mundo que ela não conhecia em São Vicente, no litoral paulista. Em 2011, o irmão Everaldo levou-a até a canoagem. No início, conciliava a vida de atleta com o trabalho como balconista. À medida que os resultados apareceram, passou a se dedicar mais aos treinos.

Ouviu de Pedro Sena, o treinador que revelou Isaquias, que tinha potencial e contou com o incentivo do precursor Nivalter Santos. A persistênc­ia da paulista, hoje com 29 anos, se transformo­u na chance real disputar a Olimpíada e fazer história na canoa ao lado de Andrea.

NOVIDADE 2 provas femininas de canoagem vão estrear em Olimpíada nos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2020. São as competiçõe­s C1 200 e C2 500

 ?? DENIS FERREIRA NETTO/ESTADÃO ?? Parceria. Angela Aparecida e Andrea Oliveira treinam e moram juntas em Curitiba; atletas trocaram de posição na embarcação para melhorar rendimento
DENIS FERREIRA NETTO/ESTADÃO Parceria. Angela Aparecida e Andrea Oliveira treinam e moram juntas em Curitiba; atletas trocaram de posição na embarcação para melhorar rendimento
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil