‘Miles Davis foi decisivo em minha formação’
Jorge Ben Jor, homenageado em show de hoje, fala sobre a carreira
Ele está cada vez mais recluso, arredio, cuidadoso com jornalistas. Jorge Ben Jor apareceu mudo e saiu calado da coletiva de imprensa que foi realizada momentos antes da abertura do novo projeto Nivea Viva, no Rio. Um pouco por ele, outro tanto pelos jornalistas que pareciam surpresos de estarem à sua frente naquela noite. A turnê nacional que homenageia o cantor chega hoje (25) a São Paulo. Será o mesmo show que tem rodado com Skank e a cantora Céu mostrando arranjos novos para músicas bem conhecidas de Jorge. O show, de graça, será a partir das 16h30, na Praça Heróis da FEB, em Santana.
Ao responder ao Estado por e-mail, depois de algumas negativas em ter a conversa pessoalmente, Ben Jor respondeu amenidades sobre o fato de participar da própria homenagem. “É maravilhoso dividir o palco com artistas de tanto talento e do gabarito como Skank e a Céu... Eu gostei de tudo.” Sobre disco novo, disse apenas que “tem novidades vindo por aí”. Ele se negou a responder a duas perguntas: “Desde que passou pelo Beco das Garrafas, no início dos anos 60 até hoje, sua obra trilhou um rumo à parte de movimentos musicais. A MPB não o entendeu?” foi uma. “A Jovem Guarda o abrigou, mas você sempre fez uma música sem paralelo. Isso mais o ajudou ou trouxe dificulda- des?” foi outra.
Surpreenden- temente, no entanto, falou algo sobre o título de ‘rei do samba-rock’ dado pela comunidade dos bailes de nostalgia de São Paulo. “O samba-rock é uma marca registrada do estilo que toco. Sempre fiz uma grande mistura no meu som e o samba-rock é parte disso.”
A pedido da assessoria do projeto, Samuel Rosa, do Skank, também enviou perguntas a Jorge por e-mail. Samuel: “Você escuta bandas novas com o mesmo interesse e entusiasmo que que também recebia do meu irmão, tinha quando descobriu o Hélio. Ele sempre me dizia: Skank?” Jorge: “Continuo ouvindo ‘Se você quiser seguir profissionalmente muito. Como minha profissão precisa ouvir esse disco’. é a música, não posso deixar Foi então que conheci a de ouvir todas as novas bandas música de Miles Davis, o que foi que surgem no cenário nacional determinante na minha formação e internacional que cruzam o musical.” A música de Miles meu caminho. Um exemplo recente: Davis foi determinante na formação quando estive no Recife, de Jorge. Disso, poucos no show da turnê com Skank e sabiam. E ele continua: “Na época, Céu, tive a oportunidade de ouvira cantora Cirlene misturei essa experiência com o que havia de melhor da Menezes, que música brasileira, incluindo gravou Forró Eu. João Gilberto”.
Música da melhor Samuel emplaca outra com qualidade. um pouco de interesse próprio, Gostei”. mas legítimo: “Como você consegue
Samuel, mais manter a mesma vitalidade uma vez em boa forma: “O que em shows com mais de duas foi determinante escutar na sua horas depois de tantos anos de vida para chegar a essa forma milagrosa, carreira (faço essa pergunta pessoal à química que resultou porque também quero seguir em sua música? O que foi referência assim)?”. Jorge: “O que me para você?”. E Jorge: “O traz essa vitalidade e energia que foi determinante para mim que todos comentam é a possibilidade foram os conselhos que eu recebi de realizar meus shows dos meus pais, que no início com músicos maravilhosos que não queriam que eu trabalhasse ajudam minha música a fluir de profissionalmente com a música. forma natural e harmônica. Isso Além disso, outros conselhos me motiva cada vez mais”.
A VITALIDADE, DIZ ELE, VEM DO FATO DE PODER TOCAR COM OS MÚSICOS QUE TEM