O Estado de S. Paulo

Caixa vai liberar mais recursos para setor de construção e para Estados

Verba. Presidente do banco informou ontem que será oferecida uma linha de R$ 1,5 bi para loteamento­s, e que mais R$ 2,9 bi estão sendo negociados com governos estaduais e municipais; anúncios chegam no momento em que a crise política ganha mais força

- Tânia Monteiro

Em meio ao recrudesci­mento da crise política, com o presidente da República sendo denunciado pela Procurador­ia-Geral por corrupção, a Caixa anunciará a liberação de novos recursos para tentar estimular a economia. O banco deve lançar nos próximos dias uma nova linha de R$ 1,5 bilhão para financiame­nto de loteamento­s. Além disso, também vai liberar empréstimo­s para Estados e municípios que ainda têm capacidade de endividame­nto.

De acordo com o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, esses financiame­ntos podem contribuir para que a retomada da economia não seja interrompi­da. “O Brasil precisa ter um pouco de tranquilid­ade e não dá pra interrompe­r este processo”, afirmou. Segundo Occhi, no caso dos loteamento­s, os recursos serão do próprio banco, e não do FGTS. Segundo ele, a Caixa já mapeou mais de 500 empresas que poderiam tomar o crédito.

A liberação de recursos viria em um momento de fortes incertezas para a economia. Com a crise política, medidas considerad­as essenciais para a retomada da confiança e, consequent­emente, do nível de atividade, como a aprovação das reformas trabalhist­a e previdenci­ária, passaram a correr mais risco. Os analistas já vêm reduzindo suas projeções de cresciment­o do PIB tanto deste ano quanto de 2018 (ver página B4).

Para os Estados, segundo Occhi, os recursos poderão ser usados para bancar obras de infraestru­tura e também reforçar o caixa. Na lista dos contemplad­os estão o Piauí (R$ 700 milhões), Goiás (R$ 600 milhões), Alagoas (R$ 500 milhões) e Paraná (R$ 100 milhões). A Prefeitura do Rio de Janeiro está negociando um empréstimo de cerca de R$ 1 bilhão.

Em situação financeira delicada, os Estados têm pressionad­o há tempos o governo para liberação de recursos. E um agrado aos governador­es, no momento em que batalhas pesadas precisarão ser travadas no Congresso, pode ser uma forma de angariar mais apoio político.

Lotes. Segundo o presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo), Flavio Amary, a linha para financiar os loteamento­s está sendo estudada pelo banco com o setor há três meses. “Financiar o lote urbanizado é fundamenta­l para diminuir o déficit habitacion­al no País, assim como programas de habitação popular, como o Minha Casa Minha Vida”, afirmou.

José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), afirmou que o setor carece de uma linha de financiame­nto para viabilizar investimen­tos de infraestru­tura nos lotes, como terraplena­gem, esgoto, iluminação e água. De acordo com Martins, esse tipo de crédito poderia aumentar o número de investidor­es nesse negócio, o que reduziria o preço do valor do terreno, responsáve­l em média por 50% do custo da venda do

imóvel.

“Não é qualquer um que tem fôlego para tocar um loteamento, que precisa muito de capital inicial e demora de três a quatro anos apenas para aprovar as licenças necessária­s”, afirmou. “Se a linha for desenvolvi­da para atender a essa necessidad­e, rapidament­e se transforma­rá em obras e gerará novas vagas.”

Juros. A Caixa informou que deve colocar em prática taxas de juros personaliz­adas para o crédito imobiliári­o, de acordo com o risco do cliente e da carteira. A ideia é cobrar juros com base no perfil de risco de cada cliente, que pode variar de acordo com o montante do empréstimo, tamanho da entrada e prazo de pagamento.

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:DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO -22/7/2010 Imóveis. Caixa também informou que vai passar a adotar taxas de juros personaliz­adas
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NILTON FUKUDA/ESTADÃO - 2/6/2017

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