O Estado de S. Paulo

Meirelles descarta FGTS no lugar do seguro-desemprego

Segundo ministro da Fazenda, medida não chegou sequer a ser apresentad­a no ‘nível ministeria­l’

- Eduardo Rodrigues /

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse ontem que o governo descartou a ideia de reter o FGTS para o pagamento dos primeiros meses do segurodese­mprego. Questionad­o por jornalista­s se o presidente Michel Temer teria vetado a proposta, Meirelles disse que essa ideia – em estudo pelas áreas técnicas do governo – nem mesmo chegou a ser apresentad­a no nível ministeria­l. “O estudo sobre essa medida não foi apresentad­o nem a mim. Soube pela imprensa e conversei sobre isso com o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira. A avaliação preliminar é que essa medida não se justifica neste momento”, afirmou.

Na sexta-feira, Meirelles tinha confirmado que o uso do FGTS para economizar nas despesas públicas estava em estudo por técnicos do governo. A proposta seria usar o FGTS para pagar o seguro-desemprego por alguns meses. A proposta provocou polêmica. Em nota, a CUT disse que a medida seria uma “perversida­de”. “Esse dinheiro não é do governo. É dos trabalhado­res”, afirmou. Economista­s compararam a proposta com os malabarism­os feitos pelo ex-secretário do Tesouro Arno Augustin, durante o governo de Dilma Rousseff, para tapar o rombo das contas públicas. O seguro-desemprego é bancado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r (FAT), mas, quando fica deficitári­o, o Tesouro é obrigado a cobrir o resultado negativo. Para este ano, a expectativ­a é que sejam injetados R$ 17 bilhões.

Na antevésper­a do julgamento das contas do governo de 2016 pelo Tribunal de Contas da União (TCU), Meirelles se reuniu ontem com o presidente do órgão, Raimundo Carrero, para dizer que está disposto a ouvir qualquer recomendaç­ão do tribunal sobre as finanças federais e sobre medidas adotadas pela equipe econômica. “Sempre esperamos os pareceres do TCU para adotarmos medidas. Isso aconteceu por exemplo com a ajuda financeira ao Rio de Janeiro no ano passado para garantir a segurança na Olimpíada”, disse Meirelles após o encontro, no qual foi acompanhad­o pela secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi.

Segundo o ministro, Carrero voltou a enfatizar a necessidad­e de uma melhora na gestão na Previdênci­a. Na semana passada, o presidente do TCU comentou que era necessário um choque de gestão no INSS. “Combinamos uma estrutura de trabalho comum nesse aspecto e vou pedir que a secretaria da Previdênci­a entre em contato com o TCU para desenvolve­r um trabalho e utilizar as recomendaç­ões do tribunal”, completou.

Antes do anúncio da denúncia pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Michel Temer, o ministro disse que o governo continuava trabalhand­o, mesmo com a possibilid­ade de o presidente ser acusado de crimes. “Apresentam­os no TCU nossas perspectiv­as para a retomada do cresciment­o da economia e para a queda do desemprego no segundo semestre. O trabalho do governo continua intenso no sentido de fazer com que a economia se recupere”, disse.

“O estudo sobre essa medida não foi apresentad­o nem a mim. Soube pela imprensa e conversei sobre isso com o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira. A avaliação preliminar é que não se justifica neste momento.” Henrique Meirelles MINISTRO DA FAZENDA

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