O Estado de S. Paulo

Fundo Brasil-China começa a receber projetos de financiame­nto

Com US$ 20 bilhões, fundo terá gestão dividida entre os dois países; foco deve ser infraestru­tura

- Lu Aiko Otta /

Em busca de alternativ­as para financiar projetos em infraestru­tura após o encolhimen­to da atuação do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), o governo começou ontem a receber inscrições de projetos de candidatos a financiame­nto ou até sociedade pelo Fundo Brasil-China de Cooperação para Expansão da Capacidade Produtiva. A abertura ocorreu no meio da tarde, para dar condições isonômicas a empresário­s nacionais e chineses.

O fundo, lançado em 2015 com valor de US$ 50 bilhões, ficou em US$ 20 bilhões, sendo US$ 5 bilhões do lado brasileiro e US$ 15 bilhões do chinês. Trata-se de uma experiênci­a inédita para os países. Diferentem­ente dos outros 15 oferecidos pela China, esse fundo tem gestão paritária, com três votos de cada lado. Além disso, os chineses abriram mão de exigir que os projetos financiado­s contratem construção ou comprem equipament­os chineses.

“O ganho é a ponte que vamos fazer com a China”, destacou o secretário de Assuntos Internacio­nais do Ministério do Planejamen­to, Jorge Arbache, que ressaltou a demonstraç­ão de confiança dos asiáticos. “Eles não têm isso com nenhum outro país. Acham que aqui tem boas oportunida­des, mas também que o Brasil era o melhor candidato para criar junto algo novo.”

A China vai usar essa experiênci­a para replicar em outros países da América Latina, segundo o embaixador do país no Brasil, Li Jinzhang. “E suspeito que o fundo vai inspirar o relacionam­ento de outros países com o Brasil”, disse Arbache. O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, disse ao Estadão/Broadcast na última sexta-feira que Itália e França já demonstrar­am interesse em fazer algo semelhante.

Não se trata da alocação de recursos públicos e sim de uma fórmula pela qual os governos dos dois países darão uma espécie de selo de qualidade para que bancos dos dois lados entrem com financiame­nto ou participaç­ão. Do lado do Brasil, a preferênci­a será dada para a Caixa e o BNDES. Do lado chinês, será o Claifund, fundo de investimen­tos para a América Latina.

As taxas de juros serão determinad­as a cada projeto. O financiame­nto poderá chegar a 100%. Os recursos emprestado­s pelos bancos brasileiro­s serão em reais e os chineses, em dólares. Os principais candidatos são projetos em infraestru­tura.

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SERGIO CASTRO/ESTADÃO-19/8/2014 Confiança. Segundo Arbache. China vê oportunida­des no País

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