O Estado de S. Paulo

Resiste amor em SP

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Sábado, 24 de junho, foi dia de lançamento aqui em São Paulo do novo disco do Criolo, Espiral de Ilusão, um disco de samba. O Citibank Hall estava lotado e todos berravam muito à espera do cantor. Criolo ficou mais conhecido em 2011, quando gravou o disco Nó na Orelha, que já faz parte da música brasileira e Não Existe Amor em SP é canção que marcou sua época. Mas a carreira dele começou muito antes. Imagine só quantos artistas deixamos de conhecer? Ainda bem que Criolo persistiu e conseguiu o merecido reconhecim­ento. Depois do disco de 2011, Criolo lançou o álbum Convoque Seu Buda (um retrato poderoso do nosso país). Em 2016, ele gravou uma nova versão para o disco de estreia, lançado em 2006, quando ele ainda assinava Criolo Doido, era um modo de recontar uma parte de sua história que muita gente não conhecia.

E agora, enquanto todos esperavam mais um disco de rap, ele vem com um bonito disco de samba (produção mais uma vez de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral). “Obrigado pelo fortalecim­ento”, começa ele agradecend­o. “Há um ano estávamos aqui, foi a invasão da quebrada no ambiente com letras feitas há 20 anos e hoje celebramos o samba”, disse ele se referindo ao show do Ainda Há Tempo, um ano antes. “Vamos cantar com amor e axé que o bagulho tá osso.” E assim foi... o Brasil do jeito que está e o público embarcou em uma experiênci­a catártica com as palavras do Criolo, que tem esse poder de liderança que está tão em falta no nosso país. Algo que me faz ver ao vivo o poder da arte e o porquê de tentar marginaliz­ar artistas. “A cultura, a arte em geral, tem isso de mostrar o que a gente tem de melhor, não tem coisa mais linda para se curar do que uma música.”

Criolo cantou samba com propriedad­e, resgatando inclusive músicas de outros discos, afinal essa relação já é antiga. Com ele, uma banda muito poderosa no palco, que faço questão de parabeniza­r aqui: Ed Trombone, Fernando Bastos, Alemão, Fumaça, Guto Bocão, Gian Correa, Ricardo Rabelo, Mauricio Badé e a participaç­ão linda das Clarianas (Martinha Soares, Naloana Lima e Naruna Costa).

Menino Mimado tem forte potencial para ser hino deste ano, “meninos mimados não podem reger a nação”, e Nas Águas abriu e fechou o show com plateia pulando: “O ano não foi bom por culpa minha ó pai, abençoa demais esse pobre infeliz. Que o próximo venha assim de axé de amor pra ser feliz”. No bis teve Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, uma versão de Juízo Final,e todos gritavam forte “o amor será eterno novamente”.

Cantar samba e amor até mais tarde é fórmula já conhecida e foi muito bem adaptada para 2017.

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CAROLINE BITTENCOUR­T Criolo. Cantar o amor
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