O Estado de S. Paulo

Cine Ceará divulga seleção com títulos dos mais atraentes

Cheio de efeitos, o brasileiro ‘Malasartes’ disputa com os premiados ‘Uma Mulher Fantástica’ e ‘Santa e André’

- Luiz Carlos Merten

Pode ser mera coincidênc­ia, mas o Cine Ceará – Festival de Cinema Ibero-americano divulga sua seleção para 2017 simultanea­mente com a abertura do Cine PE, que se inicia nesta terça, 27, no Recife, sob o signo da maior crise de sua história. Boa parte da crítica brasileira decidiu, por motivos ideológico­s, que o Cine PE não é mais importante, desprestig­iando os filmes da competição. Com isso, cresce na parada o Cine Ceará, como grande evento de cinema no Nordeste brasileiro, e o festival ainda se beneficia da internacio­nalização.

De cara, a seleção apresenta um filme chileno que já deu o que falar no Festival de Berlim, em fevereiro. Uma Mulher Fantástica, de Sebastian Lelio, recebeu o Urso de Prata de roteiro e o prêmio Teddy, o Urso gay, como melhor filme LGBT da competição. Havia uma grande torcida para que a Berlinale fizesse história, atribuindo o prêmio de melhor atriz a Daniela Vega. O filme conta a história de uma transexual que perde o companheir­o e a família dele intervém, excluindo-a do funeral e, no limite, tentando impedi-la de vivenciar seu luto. Daniela Vega, que faz o papel, é transexual, e ótima. Teria sido um prêmio político importante, mas a escolha do júri foi irrepreens­ível. Ganhou a sul-coreana Kim Minhee, protagonis­ta não apenas de On The Beach at Night Alone, de Hong Sangsoo, mas também a personagem feminina mais forte talvez de toda a obra do autor.

Mas vamos por partes – da mostra competitiv­a ibero-americana participam dois filmes brasileiro­s. Malasartes e o Duelo com a Morte, de Paulo Morelli, com um elenco de grandes nomes (Jesuíta Barbosa, Ísis Valverde, Júlio Andrade, Leandro Hassum e Vera Holtz) e um recorde nada desprezíve­l –é o filme com maior número de efeitos da história do cinema brasileiro. O outro concorrent­e nacional é Pedro sob a Cama, de Paulo Pons, com o casal, também na vida, Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto.

Além do longa chileno, a seleção ibero-americana traz o multipremi­ado Santa e Andrés, de Carlos Lechuga, coprodução franco-cubana que venceu o Festival de Guadalajar­a; Ninguém Está Olhando, da argentina Júlia Solomonoff, premiado no Tribeca, de Nova York; O Homem Que Cuida, de Alejandro Andújar, da República Dominicana e com participaç­ão brasileira; e Últimos Dias em Havana, de Fernando Pérez, outra coprodução, hispano-cubana, que venceu como melhor filme latino no Festival de Málaga. O Cine Ceará ocorre de 5 a 11 de agosto, em Fortaleza.

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ANDRÉ BRANDÃO Jesuíta Barbosa. ‘Malasartes e o Duelo com a Morte’: mostra competitiv­a ibero-americana

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