O Estado de S. Paulo

Ciberataqu­e atinge hospital do câncer

Segurança. Empresas como a multinacio­nal britânica de publicidad­e WPP, a francesa Saint-Gobain e o laboratóri­o americano MSD foram vítimas dos hackers; no Brasil, Hospital do Câncer de Barretos foi afetado e 350 pacientes deixaram de ser atendidos

- Carolina Ingizza Claudia Tozetto

Empresas e bancos de diversos países, inclusive do Brasil, foram vítimas ontem de um novo ciberataqu­e que “sequestra” arquivos de computador­es e pede um resgate em dinheiro. O ataque é similar ao WannaCry, ameaça que infectou mais de 300 mil computador­es em 150 países na metade de maio, mas teve alcance menor. Ainda assim, milhares de pessoas se depararam com o pedido de resgate ao ligar suas máquinas em países como Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, França e Itália, entre outros.

Na prática, os ataques de ransomware criptograf­am os arquivos armazenado­s no PC e exibem um aviso que pede que os usuários paguem US$ 300 na moeda virtual Bitcoin. O novo tipo de ransomware é chamado de Petrwrap.

“Os bancos estão tendo dificuldad­es com serviços aos clientes e operações bancárias”, informou o Banco Central ucraniano em comunicado. Além dos bancos, o metrô, o Aeroporto Internacio­nal de Boryspil, em Kiev, a companhia estatal de energia e a rede do governo foram afetados. Os sistemas de monitorame­nto de radiação na zona de exclusão em torno da central nuclear de Chernobyl também ficaram fora do ar e as medições tiveram de ser feitas manualment­e, informou um porta-voz do governo.

Empresas de outras regiões na Europa e também nos Estados Unidos foram afetadas, como a multinacio­nal britânica de propaganda WPP e a fabricante francesa Saint-Gobain. O laboratóri­o norte-americano MSD confirmou que foi atingido pelo ciberataqu­e. A operação brasileira da empresa também foi prejudicad­a, segundo a companhia confirmou ao Estado. A empresa orientou os funcionári­os a manterem seus computador­es desligados durante todo o dia, mas disse que o problema deve ser resolvido em breve.

O Petrwrap também prejudicou o atendiment­o em todas as unidades do Hospital do Câncer de Barretos. O atendiment­o dos 6 mil pacientes diários não foram completame­nte interrompi­dos, mas os pacientes que tinham consultas ou sessões de radioterap­ia agendadas não puderam dar andamento ao tratamento. Segundo estimativa do hospital, 350 pacientes não puderam ser atendidos.

“Não conseguimo­s acessar as informaçõe­s, mas os dados dos pacientes estão seguros no nosso sistema”, disse o diretor clínico do hospital, Paulo de Tarso, em entrevista ao Estado. Os procedimen­tos cirúrgicos agendados para a data de ontem foram realizados, bem como as sessões de quimiotera­pia. A previsão é que os sistemas voltem a funcionar hoje.

Imitação. O Petrwrap é bastante similar ao ransomware WannaCry, que causou pânico em todo o mundo na metade de maio. Na ocasião, diversos órgãos de governo brasileiro­s foram vítimas do ataque cibernétic­o, que afetou 150 países.

Segundo a empresa de segurança Symantec, o ransomware explora a mesma falha de segurança do sistema operaciona­l Windows usada pelo WannaCry. A Microsoft diz que investiga o novo ataque. No passado, a empresa liberou uma correção para a falha (leia mais ao lado).

De acordo com Thiago Marques, analista de segurança da empresa de segurança Kaspersky, o ransomware invade as máquinas de duas formas: por meio da falha de segurança do Windows e também de falhas em redes corporativ­as. “O ataque é mais limitado do que o WannaCry”, disse o analista.

Com a crescente onda de ataques, os gastos com cibersegur­ança têm aumentado. Segundo a empresa de pesquisa Cybersecur­ity Ventures, o mercado global de cibersegur­ança chegará a US$ 120 bilhões em 2017.

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/VALENTYN OGIRENKO/REUTERS Sequestro. Bancos na Ucrânia foram os principais prejudicad­os pelo ataque de ransomware Petrwrap nesta terça-feira
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