Ciberataque atinge hospital do câncer
Segurança. Empresas como a multinacional britânica de publicidade WPP, a francesa Saint-Gobain e o laboratório americano MSD foram vítimas dos hackers; no Brasil, Hospital do Câncer de Barretos foi afetado e 350 pacientes deixaram de ser atendidos
Empresas e bancos de diversos países, inclusive do Brasil, foram vítimas ontem de um novo ciberataque que “sequestra” arquivos de computadores e pede um resgate em dinheiro. O ataque é similar ao WannaCry, ameaça que infectou mais de 300 mil computadores em 150 países na metade de maio, mas teve alcance menor. Ainda assim, milhares de pessoas se depararam com o pedido de resgate ao ligar suas máquinas em países como Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, França e Itália, entre outros.
Na prática, os ataques de ransomware criptografam os arquivos armazenados no PC e exibem um aviso que pede que os usuários paguem US$ 300 na moeda virtual Bitcoin. O novo tipo de ransomware é chamado de Petrwrap.
“Os bancos estão tendo dificuldades com serviços aos clientes e operações bancárias”, informou o Banco Central ucraniano em comunicado. Além dos bancos, o metrô, o Aeroporto Internacional de Boryspil, em Kiev, a companhia estatal de energia e a rede do governo foram afetados. Os sistemas de monitoramento de radiação na zona de exclusão em torno da central nuclear de Chernobyl também ficaram fora do ar e as medições tiveram de ser feitas manualmente, informou um porta-voz do governo.
Empresas de outras regiões na Europa e também nos Estados Unidos foram afetadas, como a multinacional britânica de propaganda WPP e a fabricante francesa Saint-Gobain. O laboratório norte-americano MSD confirmou que foi atingido pelo ciberataque. A operação brasileira da empresa também foi prejudicada, segundo a companhia confirmou ao Estado. A empresa orientou os funcionários a manterem seus computadores desligados durante todo o dia, mas disse que o problema deve ser resolvido em breve.
O Petrwrap também prejudicou o atendimento em todas as unidades do Hospital do Câncer de Barretos. O atendimento dos 6 mil pacientes diários não foram completamente interrompidos, mas os pacientes que tinham consultas ou sessões de radioterapia agendadas não puderam dar andamento ao tratamento. Segundo estimativa do hospital, 350 pacientes não puderam ser atendidos.
“Não conseguimos acessar as informações, mas os dados dos pacientes estão seguros no nosso sistema”, disse o diretor clínico do hospital, Paulo de Tarso, em entrevista ao Estado. Os procedimentos cirúrgicos agendados para a data de ontem foram realizados, bem como as sessões de quimioterapia. A previsão é que os sistemas voltem a funcionar hoje.
Imitação. O Petrwrap é bastante similar ao ransomware WannaCry, que causou pânico em todo o mundo na metade de maio. Na ocasião, diversos órgãos de governo brasileiros foram vítimas do ataque cibernético, que afetou 150 países.
Segundo a empresa de segurança Symantec, o ransomware explora a mesma falha de segurança do sistema operacional Windows usada pelo WannaCry. A Microsoft diz que investiga o novo ataque. No passado, a empresa liberou uma correção para a falha (leia mais ao lado).
De acordo com Thiago Marques, analista de segurança da empresa de segurança Kaspersky, o ransomware invade as máquinas de duas formas: por meio da falha de segurança do Windows e também de falhas em redes corporativas. “O ataque é mais limitado do que o WannaCry”, disse o analista.
Com a crescente onda de ataques, os gastos com cibersegurança têm aumentado. Segundo a empresa de pesquisa Cybersecurity Ventures, o mercado global de cibersegurança chegará a US$ 120 bilhões em 2017.