Para PGR, Temer ataca por não ter defesa
Aescolha do presidente Michel Temer de partir para o ataque contra seu acusador em vez de questionar a denúncia apresentada pelo procurador Rodrigo Janot foi interpretada pelos investigadores como uma sinalização de que ele está sem argumentos para sua defesa. Na PGR, notou-se que Temer não mencionou no pronunciamento ontem o nome de Rocha Loures ou a mala de dinheiro recebida pelo ex-assessor. Para o Planalto, contudo, a missão foi cumprida: Temer deu para sua base argumentos para votar contra a abertura de processo.
» Tá no preço. Sobre a insinuação do presidente de que Janot pode ter recebido dinheiro para conceder benefícios ao delator Joesley Batista, interlocutores do PGR desdenham: “É normal ser atacada quando a acusação é boa”.
» Vai ter troco. O ex-procurador Marcelo Miller não descarta processar o presidente Temer por tê-lo acusado de intermediar pagamento de propina da JBS para Janot. Miller deixou a PGR e advoga para a JBS.
» Pode piorar. Em contrapartida, Miller enfrenta questionamentos da OAB. Procedimento investiga se ele prestou serviços à JBS antes do seu ingresso nas fileiras da advocacia. Se sim, pode perder o registro.
» Vem mais. A denúncia contra o presidente Temer será mesmo fatiada. A justificativa na PGR é de que, como a PF entregou o inquérito em etapas, não lhe restou alternativa. Depois de corrupção, a próxima será de obstrução da Justiça.
» Junta tudo. Ministros tucanos têm aconselhado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a aguardar a chegada das três denúncias para somente depois enviá-las à CCJ.
» Hipertensão. Aliado do senador João Alberto (PMDB-MA), José Sarney saiu apreensivo da visita ao colega ontem no Hospital da Forças Armadas de Brasília, onde está internado para uma cirurgia do coração.
» Deu ruim. Caso o presidente do Conselho de Ética se licencie, quem assume é o senador Pedro Chaves (PSC-MS), que assinou o recurso contra o arquivamento do caso do senador afastado Aécio Neves.
» Supersincero. Definição da segunda-feira, 26, pelo secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk. “Ontem foi um dia de m.”. O comentário foi feito durante o evento Ethanol Summit, em São Paulo, ontem.
» Me deixem aqui. O secretário disse, ainda, que “seria uma burrice trocar a atual equipe econômica”.
» Tour. Temer autorizou viagem do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, de 9 a 16 de julho, para “visita técnica às instalações do torneio de Wimbledon”.
» Enquanto isso. Senadores querem retomar a discussão de uma PEC que volta a permitir o financiamento de empresas privadas para as campanhas eleitorais, mas com limite de doações.
» Disputado. A oposição defende os nomes de Fábio Sousa (PSDB-GO), Betinho Gomes (PSDB-PE) e Esperidião Amin (PP-SC) para relatar a denúncia contra Temer na CCJ. O mais cotado, contudo, é o deputado Jones Martins (PMDB-RS), suplente na comissão.
COM NAIRA TRINDADE