Trump acusa Síria de planejar novo ataque químico e dá ultimato
Casa Branca afirma que Damasco pagará ‘alto preço’ se voltar a usar armas proibidas; Moscou condena ameaça
Sob a alegação de que a Síria prepara um novo ataque com armas químicas, os EUA afirmaram ontem que Damasco pagará um “alto preço” se isso ocorrer. O ultimato dá à Casa Branca uma justificativa para agir caso esse armamento seja usado, o que permitiria a Donald Trump marcar diferença com o antecessor. Em 2012, Barack Obama prometeu resposta armada a esse tipo de ação e não agiu.
Em abril, Trump, autorizou um ataque aéreo contra uma base militar do regime sírio de onde teriam partido os aviões com munição química lançada sobre a Província de Idlib. O ataque matou 70 civis. O agente utilizado contra a população, segundo as principais suspeitas, seria o gás sarin.
O Pentágono declarou ontem que o Exército americano detectou novas atividades relacionadas a armas químicas na mesma base. “Há indícios de preparações para o uso de armas químicas na Base Aérea de Shayrat”, disse o capitão Jeff David, porta-voz do Pentágono.
A Casa Branca afirmou, em comunicado, que os preparativos
são semelhantes aos realizados antes do ataque do dia 4 de abril, que levou Trump a ordenar uma retaliação com o disparo de 59 mísseis Tomahawk.
Apoiado pela Rússia, Assad nega as acusações de que suas forças tenham utilizado armas químicas contra a cidade rebelde de Khan Shikhoun, em Idlib. O sírio assegura que seu regime entregou, em 2013, todas as armas químicas que tinha em seu poder com base no acordo negociado com a Rússia, para evitar a ameaça de um ataque dos EUA.
A coalizão internacional liderada pelos EUA na Síria apoia as forças que tentam retomar Raqqa das mãos do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e também ajudam as forças rebeldes que combatem os jihadistas na cidade iraquiana de Mossul. O conflito sírio, iniciado em 2011 com um protestos contra Assad, transformou-se em uma guerra civil que já deixou 320 mil mortos.
Principal aliada internacional de Damasco, a Rússia rebateu ontem as suspeitas da Casa Branca. “Não estou ciente de nenhuma informação sobre uma ameaça de que armas químicas podem ser usadas”, disse o portavoz do Kremlin, Dimitri Peskov. “Certamente, consideramos tais ameaças para a liderança legítima da República Árabe da Síria inaceitáveis.”
O porta-voz de Moscou argumentou que, apesar de todos os pedidos russos, não houve uma investigação internacional imparcial sobre o emprego de substâncias químicas no que chamou de “tragédia de abril”. “Os terroristas do EI e outros grupos criminosos já usaram substâncias tóxicas mais de uma vez”, afirmou Peskov. As ameaças de Washington coincidiram ontem com a visita de Assad às tropas russas destacadas na base aérea síria de Khmeimim.
A presidência síria informou em comunicado que Assad fez um percurso pelo aeroporto militar, onde viu de perto os aviões e carros de combate russos, e conversou com oficiais. Assad inspecionou um avião do tipo Su-35, “um dos mais modernos do mundo”, destacaram os sírios.