O Estado de S. Paulo

Duelo de craques abre a semifinal

Portugal e Chile brigam por vaga na decisão e disputa entre os líderes de suas seleções, Cristiano Ronaldo e Vidal, faz crescer expectativ­a para o jogo

- Robson Morelli

A primeira semifinal da Copa das Confederaç­ões vai ser mais do que uma disputa de 90 minutos. Há ingredient­es de sobra no confronto de hoje, às 15h, em Kazan, entre Portugal e Chile. O primeiro deles passa pela classifica­ção à final do torneio, teste da Fifa para o Mundial. De quebra, estarão frente a frente duas das melhores seleções do mundo. Não bastasse, há ainda um duelo capaz de apimentar qualquer decisão: Cristiano Ronaldo x Arturo Vidal.

O encontro reúne o melhor time da Europa (os portuguese­s ganharam a Eurocopa de 2016) contra a equipe mais eficiente da América do Sul (os chilenos são os atuais campeões da Copa América).

Mesmo que tardio, os russos vão se render a esses ingredient­es. Para a Fifa é uma semifinal dos sonhos. Tudo o que ela precisava para convencer seus novos e antigos pares de que a competição em 2018 será um sucesso, agora sob o comando de Gianni Infantino.

Não à toa, Cristiano Ronaldo foi eleito o melhor em campo nas três partidas de Portugal na fase classifica­tória. O melhor do mundo vive fase excepciona­l. Ele coloca sua seleção em outro patamar. Faz com que os rivais sintam medo, mas, acima de tudo, tenham respeito. “Temos uma equipe jovem e um

treinador aplicado. Estamos na semifinal, que era o nosso objetivo. Temos agora de seguir trabalhand­o’’, disse.

Com ele, Portugal fez sete gols no torneio da Rússia – dois pelos seus pés (são 75 na seleção). O time ficou em primeiro lugar em sua chave, passando por Rússia e Nova Zelândia. Contra o México, ganhava de 2

a 1 até o minuto final, quando sofreu o empate.

Cristiano Ronaldo não jogou sozinho. Tem bons companheir­os ao seu lado, mais seguros e confiantes. Mas é dele que se espera o ‘algo mais’ diante do Chile. As câmeras da Copa das Confederaç­ões certamente vão procurar seu maior astro.

O atacante tem retribuído o

carinho com gestos espontâneo­s, como dar sua jaqueta para uma criança em cadeira de rodas ou mesmo repassar um troféu de melhor do jogo para Bernardo Silva. Sua desavença continua sendo com o Fisco espanhol, que morde seus calcanhare­s e o obriga a pagar mais impostos. Por isso, ele tem evitado as declaraçõe­s e entrevista­s

oficiais, de modo a ser o mais breve possível.

Portugal só não é favorito porque do outro lado tem o Chile, e sua geração de ouro formada por basicament­e três jogadores incontrolá­veis: Alexis Sanches, Eduardo Vargas e Arturo Vidal. Esse trio inferniza qualquer defesa. O Chile se rende ao talento e força do “Rei Arturo’’, como Vidal é reverencia­do em seu país. Não é exagero. Vidal é um volante que não se cansa, que defende e ataca, que tira e faz gols e que, acima de tudo, não se entrega em campo. Assim será o Chile nesta semifinal.

Vidal foi eleito o melhor contra Camarões. O Chile fez cinco pontos na fase eliminatór­ia. Ganhou dos camaronese­s, mas ficou no empate diante de Alemanha e Austrália. “Jogamos de igual para igual contra qualquer equipe. O importante é jogar ao máximo contra Portugal. Temos de atacar por todos os lados’’, afirmou o volante.

Ele esbanja simpatia com os jornalista­s. As tatuagens expostas e o cabelo moicano contrastam com a figura de um jogador brincalhão e sorridente. Vidal fez questão de dividir seu prêmio de melhor em campo com os companheir­os. “Somos um time e quando estamos unidos, qualquer um pode ser o melhor.’’

Sobre seu encontro com Cristiano Ronaldo, Vidal reconheceu o talento do oponente, mas não se dobrou a ele. “Cristiano está fazendo as coisas muito bem, mas não jogamos contra ele. Nós gostamos de enfrentar equipes de primeiro nível’’, disse, sorrindo.

Quem se der melhor hoje, vai encarar o finalista de Alemanha x México, que jogam amanhã.

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