Teixeira usou seleção para vender voto
Investigação confirma que amistoso entre Brasil e Argentina serviu para ex-presidente da CBF receber dinheiro do Catar
As investigações conduzidas pela Fifa sobre a compra de votos para a Copa de 2022 no Catar confirmam as suspeitas de que o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, usou um amistoso da seleção com a Argentina, para camuflar pagamentos feitos pelos árabes para garantir seu voto ao país sediar o Mundial.
Outra suspeita se refere ao fato de Teixeira ter recebido um tratamento de chefe de estado no Catar, com custos de acomodação de US$ 23,9 mil, 18 vezes superiores aos que os árabes destinaram a Lionel Messi.
Os dados fazem parte do informe produzido pelo Michael Garcia, investigador que a Fifa contratou para apurar as suspeitas de ilegalidade há cinco anos. O americano chegou à constatação de que havia indício forte de que o Catar havia comprado os votos para sediar o evento.
O jornal alemão Bild teve acesso aos documentos elaborados por Garcia. Com isso a Fifa, que jamais tornado pública a investigação, optou por publicar o informe em sua integralidade, com 430 páginas.
O investigador explicou como uma partida entre Brasil x Argentina realizada no Catar pode ter sido usada como forma de camuflar recursos e precisava ser investigada. O jogo ocorreu em 17 de novembro de 2010, com a informação original de um pagamento suspeito de US$ 7 milhões, “bem superior às taxas de mercado”.
Para os investigadores, a alegação é que o dinheiro foi usado para “influenciar os votos dos presidentes do Brasil e Argentina, Teixeira e Julio Grondona”. Ambos votariam na escolha da Fifa, em 2010. Oficialmente, o Catar alega que o objetivo do jogo era ser um “ensaio geral” para a Copa Asiática de 2011.
“As evidências levantaram questões sobre os objetivos e beneficiários de certos pagamentos”, indicou Garcia. Ele jamais conseguiu entrevistar Teixeira sobre as alegações.
Advogado de Ricardo Teixeira, Michel Assef Filho afirmou que o documento não prova os fatos narrados. “O relatório não conclui isso”, afirmou ao Estado. “Além disso, não é verdade nem mesmo essa ilação que estão tentando fazer.” /