Acionistas da Vale aprovam acordo societário.
Meta da reestruturação é que em 2020 a mineradora seja uma empresa “sem dono”; presidente diz que traçará estratégias de expansão em julho
Os acionistas da Vale aprovaram, ontem, por larga maioria, os sete itens da pauta da Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) que permitem à companhia avançar para a segunda etapa de sua reestruturação societária. A meta é que em 2020 a mineradora seja uma empresa “sem dono” e listada no Novo Mercado, mais alto nível de governança da B3 (ex-BM&FBovespa).
Na estrutura atual, definida após a privatização de 1997, o controle está com a Valepar, holding formada pelos fundos de pensão estatais reunidos na Litel – Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa), Petros (Petrobrás) e Funcesp (Cesp) –, o braço de participações do BNDES (BNDESPar), a japonesa Mitsui e a Bradespar, empresa de participações do Bradesco.
Apesar da resistência de sócios relevantes, como a americana Capital Group, que detém 20,9% das ações preferenciais da Vale, a relação de troca que será usada para converter as ações PN em ordinárias, de 0,9342 ON por cada PN, teve aprovação de 78,14% dos votos.
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, presente na assembleia, comemorou o resultado. Executar a reestruturação é uma das principais tarefas do executivo, que assumiu a Vale em 23 de maio. “É como jogo de futebol, só termina quando acaba. São várias etapas. Vencemos bem a primeira”, disse.
Para Schvartsman, a operação pode levar à valorização dos papéis ao elevar o nível da governança da Vale e reduzir a presença do Estado nas decisões da companhia. A reestruturação, entretanto, mantém as golden shares, ações que dão ao governo direito a veto.
O executivo disse que, em julho, deverá receber o diagnóstico que o ajudará a definir a estratégia de crescimento da Vale no longo prazo. A ideia é apresentar a proposta em agosto. Em maio, ele havia sinalizado que a Vale deverá voltar a uma fase de expansão, com fusões ou aquisições e estratégias para diversificar o portfólio.
Também foram aprovadas a incorporação da Valepar – o que inclui prêmio de 10% aos controladores – e alterações no estatuto, com regras próximas às do Novo Mercado. Entre outros pontos, a Vale passará a ter ao menos dois membros independentes no conselho e terá que fazer oferta pública de aquisição de ações se um acionista atingir 25% ou mais de seu capital.
Ações. As ações PN da companhia subiram 1,83% e as ordinárias 1,64%, com a aprovação do acordo e a alta de mais de 5% do minério de ferro. A partir de hoje, está aberta uma janela de 45 dias para a conversão voluntária dos papéis pelos acionistas.