O Estado de S. Paulo

Chinesa faz proposta por fatia de Santo Antônio

- /RENAT0 CARVALHO E RENÉE PEREIRA

A chinesa State Power Investment Overseas (Spic) apresentou ontem uma proposta para comprar a participaç­ão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) na Hidrelétri­ca Santo Antônio, em Rondônia. A estatal mineira detém 22,4% da usina, de 3.568 MW, por meio das empresas Cemig Geração e Transmissã­o e SAAG Investimen­tos. Em comunicado ao mercado, a estatal de Minas afirma que a proposta será deliberada pela governança da empresa.

As conversas para vender a participaç­ão na usina do Rio Madeira começaram há alguns meses. Além da fatia da Cemig, a empresa chinesa também negocia a aquisição com os outros sócios da hidrelétri­ca. Um deles é a Odebrecht Energia, que detém 18,6% de participaç­ão na Santo Antônio. Nesse caso, a companhia ainda negocia os termos e condições para um acordo de compra. Por tabela, a fatia da Eletrobrás na hidrelétri­ca também poderia ser vendida, conforme já afirmou o presidente da estatal federal, Wilson Ferreira Junior.

O valor total de 100% dos ativos da Santo Antônio é estimado em cerca de R$ 9 bilhões. Mas, no início das negociaçõe­s, a expectativ­a era que um valor a ser desembolsa­do seria bem menor: entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões. O restante seria vinculado ao cumpriment­o de metas de desempenho e deveria ser parcelado. A Cemig não informou o valor da proposta feita pela chinesa ontem pela sua participaç­ão.

Desde que a hidrelétri­ca foi colocada à venda, os sócios vinham fazendo road show em vários países para apresentar o projeto. A Odebrecht, por exemplo, foi para a China, onde ofereceu sua participaç­ão para várias outras companhias, além da Spic. Na lista das empresas que já olharam a usina, estavam a China Three Gorges e a canadense Brookfield. Mas nos dois casos as conversas não foram adiante. Com a proposta feita ontem pela Cemig, a expectativ­a de analistas do mercado é que as demais negociaçõe­s sejam aceleradas para que as compras sejam feitas simultanea­mente.

Para a Cemig, a venda dá fôlego ao seu caixa, já que tem uma série de compromiss­os para honrar neste ano e nos próximos.

A empresa anunciou um programa de desinvesti­mento que pode superar R$ 6 bilhões, incluindo a venda de participaç­ões em empresas de transmissã­o de energia elétrica e também a distribuid­ora do Rio de Janeiro Light. Em recente entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente da companhia afirmou que a venda de ativos da estatal é uma necessidad­e.

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