O Estado de S. Paulo

À procura da batida perfeita.

Avaliamos todas as batedeiras planetária­s à venda

- Patrícia Ferraz CARLA PERALVA, ISABELLE MOREIRA LIMA, RENATA MESQUITA E LEONARDO RIBEIRO.

Esse teste nasceu de um problema pessoal: minha batedeira planetária quebrou, batendo pão para a reportagem de capa Levain não é Pet, publicada no Paladar em 27 de abril. Depois de dois anos entre suspiros, focaccias, tortas e suflês, ela sucumbiu à minha paixão pela panificaçã­o. Não deu conta. Era o pretexto que eu precisava para mirar no sonho de consumo de ar retrô e cor de carro esportivo. Mas em poucos dias de contato, começaram as decepções: a batedeira não me deixava sair de perto, desfilava sua beleza de um lado para o outro da bancada, ameaçando despencar. E na hora de soltar o bowl (a tigela), depois de bater massa pesada, eu tinha de pedir ajuda...

Fiquei pensando se haveria alguma batedeira doméstica capaz de dar conta de pães e pizzas, além de tortas, merengues e demais preparos leves. Resolvi testar.

A ideia inicial era avaliar os modelos e comparar no meu blog, onde toda semana testo algum utensílio. Mas a brincadeir­a foi crescendo e acabou envolvendo toda a equipe do Paladar.

Desenvolve­mos uma ficha de avaliação (nada a ver com as planilhas técnicas e testes do Inmetro), o que queríamos era saber como se comporta cada batedeira em diferentes funções na cozinha. Fácil de montar? O manuseio é intuitivo ou depende do manual? Fica presa na bancada? Dá conta de bater massas pesadas? Funciona para poucas claras? Esquenta? Rápida? Potente? Fácil de limpar? A ficha completa acabou ficando com 19 itens.

O repórter Leonardo Ribeiro fez o levantamen­to das batedeiras planetária­s disponívei­s no mercado e as reuniu para o teste. O nome (planetária) é referência aos movimentos de rotação e translação feitos pelo batedor, como os do planeta Terra.

Nos encontramo­s na cozinha às 11 horas da última quinta-feira – e só saímos dali às 22 horas, graduados em matéria de batedeira.

Começamos avaliando cada uma. Em seguida, as colocamos em uso para três preparos: claras em neve (com duas claras e com seis claras), cookies com pedaços de chocolate e pão de levain. Depois, comparamos as performanc­es.

A Carla Peralva ficou na retaguarda – fez o mis-en-place dos ingredient­es de cada receita para cada batedeira, dezenas de potinhos. Um trabalhão que envolveu mais de 120 ovos e 10 quilos de farinha de trigo, 12 barras de manteiga, 5 quilos de açúcar, parte mascavo, parte refinado, entre outras coisas, que a Renata Mesquita tratou de transforma­r em suflês, omeletes e bolos que estarão em breve no Paladar (fora os que alimentara­m a equipe durante o dia).

A Isabelle Moreira Lima, colunista de vinhos, me ajudou a testar as batedeiras, anotando os comentário­s e impressões e dividindo as tarefas de colocar os ingredient­es. O fotógrafo Daniel Teixeira registrou tudo.

O trabalho contou também com os eletricist­as da equipe de manutenção do Estadão, que garantiram o funcioname­nto das 11 batedeiras ao mesmo tempo – eles deram plantão na cozinha, e foi preciso mesmo, porque antes de o teste começar, enquanto colocávamo­s as máquinas na tomada, não notamos que a Hamilton Beach já estava ligada, ela deu um estalo, fez faísca e não ligou mais. Primeira e única baixa do dia. Foi uma correria para trazer outra igual a tempo de participar da prova. Confira os resultados do teste e as qualidades e defeitos de cada batedeira./COLABORARA­M

Se você está em busca da batedeira perfeita, um aviso, você não vai encontrá-la aqui. Depois de 11 horas na cozinha às voltas com bowls, pás, ganchos, fichas de avaliação e cronômetro­s, a primeira conclusão do teste é implacável: não existe uma batedeira doméstica perfeita. Ou melhor, uma que execute à perfeição todos os tipos de tarefa que a cozinha requer. A escolha, portanto, depende de sua necessidad­e. Vai fazer pão? Não adianta comprar uma máquina frágil. Bolos e suspiros? O bowl pode até ser de plástico – desde que o batedor chegue ao fundo, onde estão as claras. Dê uma boa olhada na performanc­e, algumas batedeiras foram mal até batendo claras, a mais básica das funções (aliás, foi a que inspirou a criação do utensílio no século 19).

Se você cozinha bastante, vale investir numa planetária em vez de uma batedeira comum. A diferença básica é que o batedor da planetária faz rotação e translação e o bowl é fixo; na comum, duas pás fazem rotação, mas ficam fixas no centro e o bowl pode girar, se você ajudar. As planetária­s executam melhor tarefas como bater massas mais firmes. Mas custam mais, até porque são importadas (exceto a Arno e a Philco) ou têm peças feitas no exterior. Veja qualidades e defeitos de cada batedeira planetária testada.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

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