O Estado de S. Paulo

Texto da reforma trabalhist­a é aprovado na CCJ do Senado

Para não atrasar tramitação, Michel Temer se compromete­u a adotar sugestões dos senadores; agora, texto será votado no plenário

- Fernando Nakagawa / COLABORARA­M ISABELA BONFIM E THIAGO FARIA)

Numa vitória do Planalto, a Comissão de Constituiç­ão e Justiça do Senado (CCJ) aprovou na noite de ontem o texto da reforma trabalhist­a. O relatório do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), contou com apoio de 16 senadores, um a mais do que a expectativ­a dos governista­s. Nove votaram contra e houve uma abstenção. O texto, que vai ao plenário na próxima semana, muda a relação entre patrões e empregados.

O governo respirou aliviado com a aprovação da reforma trabalhist­a ontem à noite na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado. O relatório produzido pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), contou com apoio de 16 senadores, um a mais que a expectativ­a dos governista­s. Nove votaram contra e houve uma abstenção. Agora, o texto vai ao plenário – a última etapa antes da sanção presidenci­al – e pode haver tramitação em regime de urgência.

Com a vitória na sessão que durou mais de 13 horas, o governo ganha ânimo na tentativa de reaglutina­r a base no Congresso após a inesperada derrota na Comissão de Assuntos Sociais, onde a reforma foi rejeitada.

O texto que será analisado pelo plenário do Senado muda a relação entre patrões e empregados. O projeto, amplamente apoiado pelas entidades empresaria­is, prevê, por exemplo, que os acordos coletivos tenham força de lei. Também acaba com a obrigatori­edade da contribuiç­ão sindical e permite a flexibiliz­ação de contratos de trabalho. Direitos constituci­onais, como o 13.º salário, FGTS e salário mínimo, estão preservado­s.

Nesse esforço de articulaçã­o,

o próprio presidente Michel Temer atuou ao enviar carta aos senadores para reafirmar o compromiss­o em ajustar a reforma. Nessa estratégia, o presidente deu carta branca para que Jucá negocie com senadores um acordo para tentar reduzir a resistênci­a à reforma trabalhist­a.

O governo se compromete a adotar imediatame­nte sugestões dos parlamenta­res em oito pontos polêmicos com vetos presidenci­ais e medida provisória. Para os senadores, a moeda

de troca é a aprovação do projeto que veio da Câmara sem mudanças – para evitar atrasos na tramitação. “No dia da sanção, será imediatame­nte publicada uma medida provisória que vai ajustar (a reforma)”, disse.

Entre os pontos do acordo, o contrato de trabalho intermiten­te terá quarentena de 18 meses para que um trabalhado­r contratado sem prazo determinad­o possa migrar para o intermiten­te. Há também a promessa de acabar com a multa de 50%

em caso de falta do trabalhado­r.

Sobre a jornada de 12 horas de trabalho com 36 horas de descanso, o governo promete que só será possível por acordo coletivo. Outro item trata da comissão de representa­ntes dos empregados nas empresas. Segundo Jucá, a comissão não substituir­á os sindicatos e haverá participaç­ão sindical obrigatóri­a na negociação coletiva.

A respeito do trabalho insalubre para gestantes e lactantes, o governo promete que “será restabelec­ida

a vedação do trabalho em local insalubre”. Nesses casos, o trabalho será possível “de forma excepciona­l” mediante apresentaç­ão de atestado por médico do trabalho. O acordo prevê que o enquadrame­nto sobre o grau de insalubrid­ade só será possível por acordo coletivo.

O governo acena ainda com mudança em parâmetros para o pagamento de indenizaçõ­es aos trabalhado­res. Pelo texto original, o chamado “dano extrapatri­monial” seria reparado conforme

o salário. Assim, caso um diretor e um faxineiro se envolvesse­m no mesmo acidente, a indenizaçã­o dos dois seria muito diferente. Agora, a referência ao salário não será mais usada no cálculo da indenizaçã­o.

Sobre o contrato autônomo, não poderá ter nenhum tipo de cláusula de exclusivid­ade. Jucá disse ainda que haverá recomendaç­ão de redução gradual da contribuiç­ão sindical.

 ?? DIDA SAMPAIO/ESTADÃO ?? Votação. Senadores Romero Jucá (D), com Edison Lobão ao lado, durante sessão da CCJ
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Votação. Senadores Romero Jucá (D), com Edison Lobão ao lado, durante sessão da CCJ

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil