O Estado de S. Paulo

Dino ‘teria mais respaldo da classe’, diz associação

Representa­nte de procurador­es da República pondera que Temer manteve a tradição de escolher nome da lista tríplice e tem a prerrogati­va da indicação

- Marianna Holanda

O presidente da Associação Nacional de Procurador­es da República (ANPR), José Robalinho, afirmou ontem que, se o presidente Michel Temer tivesse escolhido Nicolao Dino – o primeiro colocado da lista tríplice como próximo da Procurador­ia-Geral da República –, “certamente, teria mais respaldo da classe”.

Robalinho, porém, disse que a escolha é legítima: “O fundamenta­l é o respeito à lista tríplice”. Raquel Dodge foi escolhida ontem à noite para assumir a PGR a partir de setembro.

Em entrevista ao Estado, Robalinho disse que o presidente manteve sua promessa de seguir as indicações da lista. “A posição da minha classe sempre foi a favor da lista. Mas é preciso entender que o conceito de uma lista implica um rol. Nós apresentam­os três nomes, mas existe, por parte da Presidênci­a, um crivo de poder, que é democratic­amente eleito, e é de maior densidade. A participaç­ão do Executivo não é um simples detalhe”, afirmou.

Para o presidente da associação, contudo, não é possível dizer que o nome mais votado não teria mais respaldo entre os procurador­es. “Não é indiferent­e”, afirmou. Dino, aliado do atual procurador-geral Rodrigo Janot, liderou com 621 votos, e foi seguido por Raquel, com 587 votos. Em terceiro lugar, ficou Mário Bonsaglia, com 564 votos.

Lava Jato. Dentro da instituiçã­o, a subprocura­dora é vista como opositora a Janot. Porém, segundo Robalinho, não existe “dicotomia” com Dino. “É óbvio que se Nicolao (Dino) fosse nomeado seria uma continuaçã­o maior, até porque ele trabalha com Janot (ele é vice-procurador-geral). Mas não existe isso de Raquel ser radicalmen­te contra, nem Nicolao uma continuaçã­o absoluta”.

Robalinho lembrou também que todos os candidatos, incluindo Raquel, defenderam a Lava Jato. A escolhida de Temer já disse em entrevista­s que não apenas manteria o grupo de trabalho da operação na PGR, como aumentaria o efetivo. Se passar na sabatina do Senado, ela vai comandar os inquéritos da Lava Jato.

O presidente da ANPR avaliou que nunca houve uma diferença fundamenta­l no entendimen­to do atual procurador-geral e Raquel na aplicação do Direito Penal. Há o que ele chamou de “diferença de estilo” entre os dois. “De fato, há uma posição de estilos diferentes na forma de gerir que acabou gerando esse reconhecim­ento de oposição entre os dois, mas não tem essa rivalidade que tem sido posta, não assim”, disse.

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