Procuradores criticam discurso de Temer
Carlos Fernando dos Santos, da força-tarefa da Lava Jato, afirma que presidente foi ‘leviano’ e não tem ‘qualificação de continuar no cargo’
Após o discurso do presidente Michel Temer classificando a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma “peça de ficção”, os dois principais procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba se manifestaram afirmando que o peemedebista não tem mais condições de ficar no cargo.
Depois de afirmar que o governo Temer “sufoca” a Polícia Federal ao suspender a emissão de passaportes, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima subiu o tom das críticas ao presidente.
Em seu perfil no Facebook, o investigador disse que Temer foi “leviano, inconsequente e calunioso ao insinuar recebimento de valores por parte do PGR” no pronunciamento para se defender da denúncia apresentada por Janot.
O investigador comparou Temer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu na Lava Jato, e disse que o peemedebista não tem mais condições de ficar no cargo. “Já vi muitas vezes a tática de ‘acusar o acusador’. Lula faz isso direto conosco. Entretanto, nunca vi falta de coragem tamanha, usando de subterfúgios para dizer que não queria dizer o que quis dizer efetivamente. Isso é covardia e só mostra que não tem qualificação para continuar no cargo”, escreveu Santos.
‘Balança’. O coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, se juntou ao coro de críticas ao discurso de Temer e citou que o presidente não falou sobre o recebimento
• Conselho Um dia depois do discurso de Temer, o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais saiu em defesa de Rodrigo Janot e de todos os procuradores que atuam na Operação Lava Jato.
do dinheiro em uma mala por parte de seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Além disso, o procurador afirmou ontem que a denúncia apresentada por Janot é “suficiente” para acusar Temer e que o País precisa de um presidente com condições morais para governar.
“Hoje mesmo, o governo balança e não tem condições de concentrar suas atenções em um projeto para o País. O foco é salvar a própria pele. Se queremos ter condições para o desenvolvimento da economia, o que precisamos é de um presidente revestido de condições morais para governar”, escreveu.