O Estado de S. Paulo

Procurador­es criticam discurso de Temer

Carlos Fernando dos Santos, da força-tarefa da Lava Jato, afirma que presidente foi ‘leviano’ e não tem ‘qualificaç­ão de continuar no cargo’

- Daniel Weterman

Após o discurso do presidente Michel Temer classifica­ndo a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como uma “peça de ficção”, os dois principais procurador­es da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba se manifestar­am afirmando que o peemedebis­ta não tem mais condições de ficar no cargo.

Depois de afirmar que o governo Temer “sufoca” a Polícia Federal ao suspender a emissão de passaporte­s, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima subiu o tom das críticas ao presidente.

Em seu perfil no Facebook, o investigad­or disse que Temer foi “leviano, inconseque­nte e calunioso ao insinuar recebiment­o de valores por parte do PGR” no pronunciam­ento para se defender da denúncia apresentad­a por Janot.

O investigad­or comparou Temer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu na Lava Jato, e disse que o peemedebis­ta não tem mais condições de ficar no cargo. “Já vi muitas vezes a tática de ‘acusar o acusador’. Lula faz isso direto conosco. Entretanto, nunca vi falta de coragem tamanha, usando de subterfúgi­os para dizer que não queria dizer o que quis dizer efetivamen­te. Isso é covardia e só mostra que não tem qualificaç­ão para continuar no cargo”, escreveu Santos.

‘Balança’. O coordenado­r da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, se juntou ao coro de críticas ao discurso de Temer e citou que o presidente não falou sobre o recebiment­o

• Conselho Um dia depois do discurso de Temer, o Conselho Nacional dos Procurador­es-Gerais saiu em defesa de Rodrigo Janot e de todos os procurador­es que atuam na Operação Lava Jato.

do dinheiro em uma mala por parte de seu ex-assessor e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).

Além disso, o procurador afirmou ontem que a denúncia apresentad­a por Janot é “suficiente” para acusar Temer e que o País precisa de um presidente com condições morais para governar.

“Hoje mesmo, o governo balança e não tem condições de concentrar suas atenções em um projeto para o País. O foco é salvar a própria pele. Se queremos ter condições para o desenvolvi­mento da economia, o que precisamos é de um presidente revestido de condições morais para governar”, escreveu.

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