O Estado de S. Paulo

Juiz federal mantém ex-tesoureiro preso em Curitiba

Moro despacha alvará de soltura de decisão do TRF-4, mas mantém petista detido por outro processo na Java Jato

- RICARDO BRANDT

Um dia depois de o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre, absolver João Vaccari Neto em uma condenação na Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro concedeu liberdade ao petista. No entanto, Vaccari continuará detido em Curitiba porque tem contra si outro mandado de prisão na Lava Jato.

A decisão do magistrado foi dada em decorrênci­a do julgamento do TRF-4, que absolveu o ex-tesoureiro da condenação de 15 anos e 4 meses imposta a ele na primeira instância.

No despacho, Moro determinou “à autoridade policial que, ao ser-lhe apresentad­o o presente alvará de soltura, indo por ele assinado, proceda à baixa do mandado de prisão preventiva”.

Vaccari está preso desde abril de 2015, acusado pela força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O petista seria o arrecadado­r de propinas de seu partido no esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014.

O ex-tesoureiro foi condenado por Moro em cinco ações criminais. As penas somavam 45 anos e 6 meses de prisão. A decisão do TRF-4 absolveu Vaccari em um dos processos. A revisão da sentença de Moro, com pena de 15 anos e 4 meses, reduz o tempo de prisão para 30 anos e 2 meses.

Ao dar baixa no primeiro mandado de prisão de Vaccari, recolhido no Complexo Médico-Penal de Pinhais, região metropolit­ana de Curitiba, Moro afirmou que Vaccari cumpre o mandado de prisão e por isso não deve ser colocado em liberdade apesar da decisão de anteontem do TRF-4. “Evidenteme­nte, se for o caso, caberá ao TRF-4 estender ou não os efeitos da revogação da preventiva ao outro processo”, afirmou.

Falta de provas. Ao absolver o ex-tesoureiro do PT em segunda instância, o desembarga­dor federal Victor Luiz dos Santos Laus, do TRF-4, afirmou que “faltou corroboraç­ão da palavra dos colaborado­res”.

Vaccari, denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa, havia sido condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por Moro. Anteontem, por maioria, a 8.ª Turma do TRF-4, derrubou a sentença do magistrado da Lava Jato.

Quanto ao réu Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás, foi dado provimento ao apelo do Ministério Público Federal (MPF) e a pena passou de 20 anos e 8 meses para 43 anos e 9 meses de reclusão. A turma aplicou o concurso material nos crimes de corrupção em vez de continuida­de delitiva.

Duque também foi condenado pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa na Lava Jato. / JULIA AFFONSO, FAUSTO MACEDO, LUIZ VASSALLO e

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 13/11/2014 Condenação. Penas de Vaccari somavam mais de 45 anos

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