O Estado de S. Paulo

Senador age por apoio de Lula em Alagoas em 2018

- Vera Magalhães

Os ataques cada vez mais virulentos desferidos pelo então líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra o presidente Michel Temer miram na sobrevivên­cia política do cacique e de Renan Filho, governador de Alagoas, em 2018.

Renan terá imensa dificuldad­e de se reeleger senador, segundo mostram as pesquisas. Não tem a opção, que será usada por muitos senadores encalacrad­os na Operação Lava Jato, de se candidatar a deputado: como o filho é governador, ele fica impedido de disputar outro cargo que não seja a reeleição.

Assim, Renan selou uma aliança tácita com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT: minar o governo de seu correligio­nário apostando na volta do petista em eleições diretas antecipada­s, ou na chance de que ele seja um candidato forte em 2018.

Ainda que enfrente enorme rejeição pelos processos a que responde na Lava Jato, Lula ainda é um cabo eleitoral forte no Nordeste, base eleitoral do clã Calheiros. A presença do ex-presidente no palanque de Renan pai e filho, já negociada nos bastidores e incluída no pacote de ataques a Temer, é vista como importante para assegurar a sobrevida da família no mando político do Estado, um dos mais pobres do País.

O Palácio do Planalto, de olho na aliança Renan-PT, resolveu sair da passividad­e diante dos ataques e autorizou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), a coletar assinatura­s para destituir o antigo aliado da liderança do partido, o que fez com que Renan se antecipass­e e saísse atirando.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil