O Estado de S. Paulo

Venezuela discute, rebelião ou trapaça?

- Joshua Partlow e Rachelle Krygier /

Enquanto os venezuelan­os tentam decifrar o caso do “helicópter­o mandrake”, o país mergulha cada vez mais no descontrol­e. Logo após o incidente, Maduro qualificou o caso de “ataque terrorista” e pôs tanques e outros blindados nas ruas da capital para “manter a paz”. Milícias pró-governo cercaram o Parlamento e mantiveram os deputados lá por horas.

Enquanto se discutia ontem a ação do helicópter­o, o tribunal mais importante do país baixou ontem um decreto tirando poderes da procurador­a-geral e transferin­do-os para o ombudsman do governo, o mais alto funcionári­o no campo dos direitos humanos, que também apoia Maduro.

Elyangelic­a González, jornalista venezuelan­a conhecida pelos contatos no meio militar, disse que a rebelião de Pérez parece ser verdadeira. Segundo ela, militares lhe disseram que o piloto já era suspeito de fazer vazar informaçõe­s. Considera, porém, a investida de Pérez “a ação isolada de um homem que vê muitos filmes de guerra e talvez tenha uma ponta de loucura”. Mas nada indica “que tenha sido um show ensaiado”. Em sua conta de Instagram, o piloto do helicópter­o postou uma série de fotos em que posa fazendo o tipo arrojado. Numa delas, com uma mão segura uma pistola e, com a outra, um espelho de maquiagem. Uma coisa ficou clara no episódio: Maduro, com um índice de aprovação em torno de apenas 20%, tem pouca credibilid­ade entre a população.

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