O Estado de S. Paulo

Federação sugere unir plano de saúde e Previdênci­a

Usuários teriam assistênci­a do convênio enquanto trabalhass­em; ao aposentar, capitaliza­ção seria usada para pagar mensalidad­es

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A Federação Nacional de Saúde Suplementa­r (Fenasaude) vai propor à Comissão Especial da Câmara dos Deputados, criada para reformar a Lei de Planos de Saúde, a criação de um plano com capitaliza­ção. Nesse novo formato, pessoas formariam reservas durante sua vida profission­al para mais tarde usá-las no pagamento de despesas de planos de saúde, com mensalidad­es mais elevadas.

“É uma proposta antiga, de acoplar o plano de saúde ao da Previdênci­a”, afirmou ao Estado o diretor executivo da Fenasaude, José Cechin. Nesse formato, usuários teriam assistênci­a do plano enquanto estivessem no mercado de trabalho. Ao se aposentar, parte dos recursos de capitaliza­ção seria usada para pagar a mensalidad­e, que ao longo dos anos se torna mais cara.

Essa estratégia, na avaliação de Cechin, poderia ser usada caso mudanças no teto de reajuste por faixa etária também fossem feitas. Atualmente, os aumentos são permitidos até a faixa 59. “Mas o gasto médio de quem tem 70, 80 e 90 anos é muito diferente”, afirma. Se houvesse um desmembram­ento, com criação de mais faixas, diz, mensalidad­es de pessoas com 60 anos poderiam ser mais baixas. “Mas para isso seria necessário cobrar mensalidad­es ainda mais caras das idosas. Teríamos um drama pela frente”, reconhece.

Questionad­o se era favorável à criação de novas faixas, Cechin disse estar apenas trazendo o problema para a discussão. “Não tenho convicção de que é necessário ou não.” Para ele, é questionáv­el a afirmação de que mensalidad­es de plano de saúde de pessoas idosas são caras. “Idosos que aparenteme­nte pagam muito caro por plano de saúde na verdade pagam menos do que o custo. Os outros mais jovens, pagam mais. Há uma solidaried­ade implícita entre gerações.”

Crítica. Anteontem, entidades ligadas ao direito do consumidor e à saúde afirmaram que as discussões em curso na Câmara dos Deputados beneficiam apenas as empresas e podem trazer retrocesso aos direitos de usuários. Assinado por 14 entidades, entre elas Instituto de Defesa do Consumidor, Procons e Associação Brasileira de Saúde Coletiva, o documento ressalta que a discussão não deve ser feita de forma apressada e chama a atenção para os riscos de algumas propostas que estão em discussão, como a autorizaçã­o de planos populares, a liberação do reajuste de planos individuai­s e a mudança no rol mínimo de cobertura.

“Alertamos que o momento não é adequado para mudar a toque de caixa uma lei que afeta a saúde e a vida de 47,6 milhões de consumidor­es de planos de assistênci­a médico-hospitalar individuai­s, familiares e coletivos”, diz o texto, em uma referência à crise política.

A nota observa ser crescente a insatisfaç­ão dos brasileiro­s que usam planos de saúde e critica o método de trabalho da comissão. “Com a realização de poucas audiências públicas sobre um tema que requer discussões aprofundad­as e com ampla participaç­ão de todos os segmentos interessad­os”, diz.

O texto afirma ainda que as mudanças poderiam trazer uma desregulam­entação do setor. “O mercado precisa ser melhorado, fiscalizad­o, e não desregulam­entado.”

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GUILHERME PINTO/EXTRA/AG. O GLOBO-15/6/2017 Bonsucesso. A meta é ampliar em 20% o atendiment­o em oncologia, ortopedia e cardiologi­a

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