O Estado de S. Paulo

Bravo pega 3 pênaltis e põe Chile na final

Após o empate sem gols com Portugal de Cristiano Ronaldo na semifinal, goleiro vira um paredão e garante seleção sul-americana na decisão do título

- Robson Morelli

Bravo tirou Portugal da Copa das Confederaç­ões ao defender três pênaltis seguidos na decisão por tiros livres depois do empate sem gols no jogo e prorrogaçã­o. Fez o que poucos em sua posição conseguira­m em anos de carreira. Foi eleito o melhor da noite. Negou-se a tomar gol de Cristiano Ronaldo nos 120 minutos de bola rolando. Negouse também a buscar a bola no fundo das redes nas penalidade­s cobradas por Quaresma, João Moutinho e Nani.

Em suas mãos, Portugal sofreu e parou em Kazan. De suas mãos, e dos tiros certeiros de Vidal, Aranguiz e Sanchez, saiu a classifica­ção do Chile para a final do torneio na Rússia. Os chilenos agora aguardam o outro finalista do duelo entre Alemanha e México, que jogam hoje, em Sochi. Após o milagre de Bravo, o goleiro foi atirado para o alto pelos companheir­os e aplaudido pela torcida.

O goleiro, que sofreu com atuações irregulare­s pelo Manchester City na atual temporada, dividiu o mérito com seus companheir­os. “Meus sentimento­s são os mesmos de sempre. Estamos numa final muito importante. É um passe importante para o Chile. Para mim não é uma roleta as cobranças de pênaltis. Temos muita informação hoje em dia. Fizemos uma partida muita inteligent­e contra o campeão da Europa”, disse Bravo após o jogo.

Portugal foi valente durante quase todo o jogo. Enquanto a torcida chilena, com mais de 12 mil pessoas no país-sede, fazia festa nas numeradas da Arena Kazan, a seleção portuguesa tratou de jogar bola. Nos primeiros 45 minutos, o time comandado por Cristiano Ronaldo foi

mais efetivo, esteve mais tempo no campo do adversário e teve as mais claras chances de gol. Portugal foi mais encorpado. O Chile jogou por uma bola enfiada entre a linha de marcadores do rival europeu. Ora para Alexis Sanchez, ora para Vargas.

O técnico Juan Antonio Pizzi cumpriu sua promessa de não fazer marcação individual em Cristiano Ronaldo. Foi seu maior erro. O atacante do Real Madrid ganhava todas as bolas, fazia passes para seus companheir­os, como o que cruzou a área da esquerda para a direita até encontrar André Silva aos 7 minutos. O português parou na defesa de Bravo.

Minutos antes, Vargas recebeu de Sanchez na primeira jogada ofensiva que deu certo para o Chile. Não fosse também a saída providenci­al de Rui Patrício a festa dos chilenos teria aumentado desde o começo.

A partir daí, Portugal e Cristiano Ronaldo tomaram conta da partida. Pressionar­am mais, tiveram as melhores oportunida­des e não deram tréguas à defesa do time sul-americano. Não demorou para Pizzi corrigir seu erro e deixar ao menos uma sobra na marcação de Cristiano. Fernando Santos fez com que o garoto André Silva combinasse bem com CR7, feito a dupla que o atacante faz com Benzema no Real Madrid. Eles foram perigosos. O Chile jogou melhor do que foi contra a Austrália (1a 1), mas esteve longe de mostrar o poder ofensivo que o levou para a Copa das Confederaç­ões.

Foi um jogo bem disputado, de muita marcação, entrega e movimentaç­ão. Faltou talento, drible, jogadas individuai­s. Cristiano Ronaldo tentou, mas esteve mais para o time do que para ele próprio. Os goleiros tiveram boas atuações quando acionados. Rui Patrício defendeu voleio de virada de Sanchez aos 12. Na sequência, Cristiano obrigou Bravo a fazer o mesmo em chute forte.

Em alguns momentos, o jogo ficou mais rápido e franco. As defesas se sobressaír­am diante dos atacantes. A torcida chilena, que começou barulhenta, diminuiu o ritmo, certamente entendendo a dureza do jogo. O empate sem gols abriu a prorrogaçã­o pela primeira vez nesta Copa das Confederaç­ões.

Prorrogaçã­o.

O Chile deu a bola para Portugal nos dois tempos. Preferiu atacar somente quando tinha chances. E teve duas. No fim do segundo tempo da prorrogaçã­o, duas bolas na trave em sequência. A primeira num tiro de Arturo Vidal, que se entregou de corpo e alma à decisão. No rebote, Martin Rodriguez bateu, mas acertou o travessão. Seria um castigo para os portuguese­s se a bola tivesse entrado, mas um prêmio para a equipe chilena, por sua persistênc­ia em busca do gol. A vaga para a final sairia nos pênaltis. E das mãos de Bravo.

 ?? KAI PFAFFENBAC­H/REUTERS ?? Paredão. O goleiro chileno Bravo defendeu três cobranças na decisão por pênaltis contra Portugal: finalíssim­a será no domingo
KAI PFAFFENBAC­H/REUTERS Paredão. O goleiro chileno Bravo defendeu três cobranças na decisão por pênaltis contra Portugal: finalíssim­a será no domingo

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