O Estado de S. Paulo

Governo fixou meta ‘otimista’, aponta estudo

- Alexa Salomão

O governo protelou, mas aumentar impostos surge agora como a única alternativ­a para reverter as sucessivas frustraçõe­s na arrecadaçã­o, avaliam especialis­tas em finanças públicas. Segundo Gabriel Leal de Barros, diretor da Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI), ligada ao Senado, o governo já foi obrigado a rever as projeções de receita neste ano. Em janeiro, lembra o economista, a previsão para receita administra­da do governo até abril era de R$ 313,2 bilhões. Em abril, porém, ela foi revista para R$ 297, 3 bilhões. Encerrado o período, o que de fato se arrecadou foi R$ 293,6 bilhões.

Segundo nota técnica do IFI, antecipada pelo Estadão/Broadcast, o governo foi “otimista” nas projeções até 2020. Neste ano, consideran­do apenas a arrecadaçã­o recorrente (tributos normais e previsívei­s), a estimativa é que o déficit chegue a R$ 144,1 bilhões – a meta oficial é R$ 139 bilhões. A queda é considerad­a até conservado­ra pela IFI, pois pode haver ainda frustração na previsão da receita extraordin­ária (privatizaç­ões e concessões, por exemplo).

Para 2018, o rombo tende a crescer, segundo o IFI. O déficit pode chegar R$ 169 bilhões.

Há uma questão matemática para as diferenças. Em suas contas, o governo considera que, para cada ponto porcentual de recuperaçã­o do PIB, a receita cresce mais que um ponto. O IFI faz uma conta de um para um. Mas o que se tem visto é para cada ponto de cresciment­o do PIB, a receita está avançando entre 0,6 a 0,5 ponto porcentual.

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