Avanço da reforma não alivia a crise
Aaprovação da reforma trabalhista pela CCJ do Senado não dá nenhuma segurança ao presidente Michel Temer de que as coisas vão melhorar para ele no Congresso.
Em primeiro lugar, porque a CCJ não trata do mérito, mas apenas se a proposta é constitucional ou não. Em segundo lugar, porque percebeu-se, pelas palavras do líder do PSDB, senador Paulo Bauer (SC), uma tentativa de desvincular Temer da reforma. “Essa reforma (...) é um projeto da sociedade brasileira”, disse, quando chamado a fazer a defesa da proposta. Portanto, se o plenário do Senado confirmar a aprovação, na semana que vem, o PSDB e outros partidos da base vão dizer que é mérito é deles, não de Temer.
Diante da resistência dos aliados, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou um documento que, segundo ele, era uma carta de Temer com garantias de que aceitará novas concessões. O papel, no entanto, não animou os senadores. Lasier Martins (PSD-RS) e Magno Malta (PR-ES), de partidos da base do governo, desqualificaram o conteúdo da carta e disseram que nela não havia a assinatura do presidente. Em dado momento, chegaram a dizer que não confiam no cumprimento da palavra de Temer, porque ele prometeu vetar pontos da lei da terceirização e não cumpriu a promessa. Não pode ter algo pior do que alguém duvidar da palavra de um presidente da República.