O Estado de S. Paulo

Kroton deve buscar agora fusões regionais

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Com a reprovação do negócio com a Estácio, a Kroton deve fazer ofertas por outras instituiçõ­es de ensino. Fontes próximas à empresa afirmam que o fracasso na aquisição da Estácio deve realimenta­r o apetite do maior grupo educaciona­l do País em absorver novas empresas. A Kroton já divulgou projetos de cresciment­o orgânico, com a abertura nos próximos cinco anos de mais 100 unidades presenciai­s para se somarem às 114 atuais do grupo. Dessas, 60 já estariam em trâmite no Ministério da Educação.

Na avaliação de fontes do setor, a empresa pode voltar às compras mirando ativos regionais de ensino presencial em cidades onde ainda não atua. Já a Estácio tende a ser alvo de outros grupos.

Pequenas e médias instituiçõ­es de ensino têm se movimentan­do em busca de um comprador porque avaliam que o cenário de consolidaç­ão é irreversív­el, mesmo com a rejeição de Kroton e Estácio no Cade.

Sem a Estácio, especula-se ainda que a Kroton possa se voltar para um processo de consolidaç­ão de escolas de ensino básico. Esse é um segmento no qual a empresa atua hoje, com o sistema de ensino Pitágoras, e em cuja expansão a Kroton já demonstrou interesse em outros momentos.

Já a Estácio, descartada a fusão com a Kroton, deve passar a ser assediada por outros concorrent­es. Ela poderá ser, mais uma vez, alvo de interesse da Ser Educaciona­l. A companhia de origem pernambuca­na chegou a disputar a compra da Estácio com a mineira Kroton, mas acabou sendo preterida. À época, o controlado­r da Ser, Janguiê Diniz, se aproximou de Chaim Zaher, maior acionista individual da Estácio.

Tanto no caso da Estácio como no da Kroton, os projetos de cresciment­o futuro tendem a passar pela abertura orgânica de novos polos de ensino a distância. Uma regulação do setor, aprovada na semana passada, permite que instituiçõ­es de ensino com notas satisfatór­ias inaugurem novos polos (pontos de apoio ao ensino a distância) sem necessidad­e de visita in loco e autorizaçã­o prévia. Ao mesmo tempo em que deve acelerar a abertura de polos, essa medida pode acirrar a competição no setor.

“A Estácio sai mais fragilizad­a da decisão do Cade”, diz Carlos Monteiro da CM Consultori­a. “Acredito que ela deve dar uma resposta rápida ao mercado para sustar a perda de valor que vem sentindo./D.S.

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