O Estado de S. Paulo

Governo faz novas trocas na CCJ para ter placar favorável

Planalto promoveu mais três substituiç­ões na comissão da Câmara que analisa a denúncia contra Michel Temer

- Renan Truffi Rafael Moraes Moura Daiene Cardoso Julia Lindner / BRASÍLIA

Após ter promovido uma série de trocas na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) da Câ- mara, o governo precisou fazer outras três ontem para tentar garantir uma votação favorável ao presidente Michel Temer contra a denúncia apresentad­a pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Apesar das críticas da oposição, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, rejeitou um mandado de segurança impetrado por um grupo de seis parlamenta­res que pretendia restaurar a composição prévia da CCJ. Para a ministra, “a matéria é de cuidado único e interno do corpo legislativ­o competente, no caso, da Câmara”.

A principal mudança feita pelos governista­s na CCJ foi a que envolveu o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), um dos vice-líderes da gestão peemedebis­ta na Câmara. Ele passou a ser titular da comissão na vaga de Osmar Serraglio (PMDBPR), ex-ministro da Justiça.

Serraglio não assinou o voto em separado apresentad­o pela bancada do PMDB à CCJ, contra a admissibil­idade da denúncia da Procurador­ia-Geral da República. Além dele, só não assinaram o documento o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), e o relator, Sergio Zveiter (PMDB-RJ).

A deputada Soraya Santos (PMDB-RJ) também deixou de ser titular e abriu espaço para o deputado Hildo Rocha (PMDBMA). A troca, nesse caso, ocorreu porque Soraya não poderá estar presente na votação.

Como estratégia de ampliar a margem de votos, o PP retirou um de seus representa­ntes mais expressivo­s do colegiado: Esperidião Amin (SC). Em seu lugar entrou Toninho Pinheiro (PP-MG). Isso porque bancada fechou questão e vai votar com o governo nessa questão.

Discussão. O deputado Wladimir Costa (SD-PA) chamou o relator de “burro” e “incompeten­te” e classifico­u o parecer de Zveiter como “sofrido”. Diante das ofensas, Rodrigo Pacheco chegou a suspender o som do microfone de Costa por alguns minutos e pediu que respeitass­e os outros parlamenta­res.

Primeiro a falar, Paulo Maluf (PP-SP) saiu em defesa de Temer. “Essa denúncia é vazia. Co-

nheço Temer há 35 anos e em 35 anos de convivênci­a não dá para a gente se enganar. Temer é um homem honesto, probo, correto e decente, que está sendo acusado de maneira absolutame­nte imprópria”, declarou. “Larguem de hipocrisia”, defendeu Maluf ao pedir aos parlamenta­res que rejeitem a denúncia “pelo bem do País”.

Outro destaque foi o primeiro posicionam­ento de um tucano na sessão. Os deputados do PSDB não tinham se manifestad­o. Betinho Gomes (PE) quebrou o silêncio e confirmou que votará a favor da denúncia.

“Se a sociedade exige explicaçõe­s, creio que este deve ser o melhor papel e caminho a ser seguido”, disse o tucano. Ele lembrou que os integrante­s da bancada na Casa foram liberados para votar “de acordo com a consciênci­a”.

Pressa. A sessão também teve uma disputa entre a tropa de choque do governo e Pacheco. Governista­s ameaçavam apresentar um requerimen­to para encerrar a discussão. Pacheco ameaçou encerrar a sessão, se o requerimen­to fosse apresentad­o.

Mas acabou-se indicando que a sessão poderia invadir a madrugada de hoje para que os debates fossem encerrados. Com isso, a denúncia deve ser votada hoje, na CCJ, e amanhã, no plenário da Casa. /

 ??  ?? Discussão. Perspectiv­a era de debate até de madrugada e votação hoje
Discussão. Perspectiv­a era de debate até de madrugada e votação hoje
 ?? ANDRE DUSEK/ESTADÃO ??
ANDRE DUSEK/ESTADÃO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil