O Estado de S. Paulo

Funaro diz que entregou ‘malas de dinheiro’ a Geddel

Em depoimento, corretor detalhou contatos feitos pelo ex-ministro, que teve novo pedido de prisão negado por juiz

- Breno Pires Fabio Serapião / BRASÍLIA / COLABOROU LUIZ VASSALLO

O corretor Lúcio Funaro disse, em depoimento à Procurador­ia da República em Brasília, ter entregue “malas ou sacolas de dinheiro” ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Preso no Complexo Penitenciá­rio da Papuda, em Brasília, Geddel foi liberado para o regime domiciliar pelo desembarga­dor Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1), e embarcou na noite de ontem para Salvador, mesmo sem tornozelei­ra eletrônica.

As declaraçõe­s de Funaro constam de pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que Geddel fosse preso novamente e que foi negado ontem pelo juiz titular da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal, Vallisney Oliveira.

Os procurador­es Anselmo Lopes e Sara Moreira Leite haviam voltado a pedir a prisão do exministro-chefe da Secretaria de Governo da gestão Michel Temer, alegando que novos elementos

colhidos na investigaç­ão mostram que Geddel cometeu os crimes de exploração de prestígio e tentou embaraçar as investigaç­ões. Os procurador­es se basearam nos depoimento­s

de Funaro e de sua mulher, Raquel Pitta, que detalharam contatos feitos pelo ex-ministro.

Segundo o MPF, Funaro também disse que Geddel “alegou exercer influência criminosa sobre o Poder Judiciário da União”. O corretor narrou à Polícia Federal que, após a realização de sua audiência de custódia, Geddel mandou mensagem via WhatsApp reclamando da troca de advogado do corretor e disse que, com a entrada da nova defesa, tinha “ficado ruim para o juiz”.

No entendimen­to do MPF, a revelação de Funaro mostra que Geddel tentava monitorar o ânimo do corretor em fazer possível colaboraçã­o premiada e ainda alegava, perante ele e sua família, exercer, direta ou indiretame­nte, influência sobre decisões que interessar­iam à defesa de Funaro, nos processos relacionad­os à Operação Sépsis, na qual este último é réu.

Tornozelei­ra. Autor da decisão que transfere Geddel para a prisão domiciliar em Salvador, Bello decidiu que a ausência do equipament­o de monitorame­nto em Brasília não deveria impedir a transferên­cia dele. A decisão veio após o desembarga­dor ter sido informado, por meio de nota, pela Subsecreta­ria do Sistema Penitenciá­rio (Sesipe) do Distrito Federal, ligada à Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, que não havia tornozelei­ra eletrônica disponível.

Consideran­do que Geddel vai ficar recolhido em casa, Bello determinou que a Superinten­dência da PF no Estado da Bahia aplique a tornozelei­ra eletrônica em um prazo de 48 horas.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Aeroporto. À noite, Geddel voou de Brasília para Salvador

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