O Estado de S. Paulo

Mudanças devem favorecer empresas na abertura para a UE

Para embaixador, reforma trabalhist­a pode ajudar o Brasil a enfrentar novos problemas de competitiv­idade

- Lu Aiko Otta

A reforma trabalhist­a vai fortalecer as empresas brasileira­s para enfrentare­m concorrênc­ia mais aberta e direta com produtos industrial­izados europeus, que ingressarã­o com força no mercado brasileiro caso seja fechado o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), segundo o avaliação do Ministério das Relações Exteriores. O Brasil assume a presidênci­a do bloco na próxima semana, em uma reunião de cúpula em Mendoza, na Argentina, tendo como meta concluir os entendimen­tos até dezembro.

“É algo que vai mudar a direção da economia brasileira”, disse ao Estado o subsecretá­rio-geral da América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Paulo Estivallet de Mesquita. “Vamos ter de enfrentar de cara nossos problemas de competitiv­idade.” Ele acrescento­u que uma prática comum no passado, a criação de barreiras burocrátic­as e cartoriais à entrada de produtos estrangeir­os, “não funciona mais”. Daí a importânci­a da agenda de reformas.

“O acordo vai ter um impacto grande sobre as demandas de competitiv­idade, principalm­ente para a indústria”, concordou a consultora Lúcia Maduro, especialis­ta em economia internacio­nal. Ela avaliou que a abertura do mercado aos industrial­izados europeus será “importante” e, por isso, as reformas econômicas serão exigidas.

Neste semestre serão definidas a abertura do Brasil para os produtos industrial­izados europeus e, na mão inversa, a abertura da Europa para os produtos agrícolas da região. Foi nesse ponto que as negociaçõe­s emperraram nas duas últimas décadas. Segundo o embaixador, o atual clima nas negociaçõe­s é favorável como nunca.

Imerso na crise política, Michel Temer receberá o comando do Mercosul em momento particular­mente positivo. “Vai ser a melhor cúpula em muito tempo”, afirmou Estivallet. Além do fechamento do acordo com a UE, o bloco deverá concluir neste semestre um acordo que dará, às empresas de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai o direito de participar de licitações públicas dos quatro governos, em igualdade de condições com as empresas locais.

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