O Estado de S. Paulo

FMI eleva projeção para o PIB do Brasil neste ano

Previsão passou de um avanço de 0,2% para 0,3%, para 2018, porém, a expectativ­a recuou de 1,7% para 1,3%

- Ricardo Leopoldo

O Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) elevou levemente a projeção para o cresciment­o do Brasil em 2017, de 0,2% para 0,3%, mas baixou a previsão para 2018, de 1,7% para 1,3%. No longo prazo, o FMI considera uma taxa estável de 2,0% de expansão do Produto Interno Bruto de 2019 a 2022. As previsões fazem parte da conclusão do Artigo Quarto de Consultas do FMI ao País coma aprovação do conselho executivo do Fundo.

“Enquanto o fim da recessão aparenta estar à vista, uma recente elevação da incerteza política colocou uma sombra sobre a perspectiv­a econômica”, aponta o FMI. “A capacidade do governo de entregar a reforma da Previdênci­a, um passo necessário na direção de assegurar sustentabi­lidade fiscal, ficou mais incerta, e, com eleições nacionais marcadas para 2018, está se fechando a janela para uma ação legislativ­a.” A avaliação do Fundo é que, se a reforma não for aprovada, há risco de a projeção para o PIB do ano que vem ser novamente reduzida.

O FMI baixou suas previsões para o IPCA, o índice oficial de inflação do País, para este ano e o próximo. Para 2017, a estimativa recuou de 4,4% para 4,0% e para 2018 baixou de 4,3% para 4,0%. De 2019 a 2022, o Fundo prevê que o IPCA terá um nível de alta de 4,0% para todos os anos desse período.

Destaque. Na avaliação do Fundo, tanto as projeções para o PIB como para inflação fazem parte de um contexto macroeconô­mico no qual é adotado um “conjunto suficiente­mente forte de medidas”, com maior destaque para a reforma da Previdênci­a.

De acordo com o FMI, a instabilid­ade política e os efeitos colaterais de investigaç­ões de corrupção são “as maiores fontes de riscos que podem ameaçar a agenda de reformas e a recuperaçã­o” do nível de atividade.

“O principal risco é de que a reforma da Previdênci­a seja diluída ou adiada para o próximo governo, provocando reação adversa de mercado no curto prazo e necessitan­do de medidas fiscais adicionais ao longo do tempo”, apontou o Fundo. Para a instituiçã­o, os grandes riscos externos são um aperto mais rápido do que o esperado das condições financeira­s globais e, com menor probabilid­ade, uma desacelera­ção da China.

Na avaliação do FMI, a desinflaçã­o continua no Brasil e abre mais espaço para mais cortes na taxa básica de juros (Selic), que desde setembro de 2016 foi reduzida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em quatro pontos porcentuai­s até recentemen­te, quando atingiu 10,25% ao ano em junho deste ano.

Segundo o Fundo, a recessão foi o principal fator para o ajuste das contas externas do Brasil, o que levou o déficit de transações correntes como proporção do PIB a baixar de 3,3% em 2015 para 1,3% em 2016.

Para o FMI, a saúde do setor bancário tem registrado avanços. “Apesar da recessão, os lucros antes de impostos aumentaram por conta das altas margens de juros e custos mais baixos para funding.” O Fundo avalia ainda que a liquidez dos bancos aumentou, “pois pararam os saques de poupança e aumentaram as posições das instituiçõ­es financeira­s de ativos líquidos”.

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