O Estado de S. Paulo

Novo Refis prevê desconto de até 99% em multas e juros

Contas públicas. Relator do projeto de refinancia­mento de dívidas põe condições mais favoráveis às empresas para o pagamento dos débitos e coloca em risco as contas da equipe econômica de levantar até R$ 13,3 bilhões ainda este ano com o programa

- Idiana Tomazelli Adriana Fernandes

Reconduzid­o à relatoria do projeto que cria um novo programa de refinancia­mento de dívidas (Refis), o deputado Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) voltou a incluir, no novo texto, condições mais vantajosas para empresas. O parecer aprovado pela comissão mista eleva os descontos em multas e juros para até 99% e concede a maior número de devedores o benefício de pagar menor valor de entrada.

Reconduzid­o ao posto de relator do projeto que cria um novo programa de refinancia­mento de dívidas (Refis), após ter desfigurad­o a primeira proposta enviada pelo governo ao Congresso, o deputado Newton Cardoso Jr. (PMDBMG) voltou a incluir, no novo texto, condições mais vantajosas para as empresas. O parecer aprovado ontem pela comissão mista da Medida Provisória (MP) 783 eleva os descontos em multas e juros para até 99% e concede a maior número de devedores o benefício de pagar um valor menor de entrada.

Cardoso Jr. já havia declarado ao Estadão/Broadcast em junho, dias após a edição da MP 783, a intenção de fazer as modificaçõ­es. Na única audiência pública realizada sobre o tema, representa­ntes de associaçõe­s empresaria­is colecionar­am reclamaçõe­s sobre o texto do governo e apresentar­am vários pedidos, alguns deles acatados pelo relator.

Se as mudanças prevalecer­em no plenário, elas podem ameaçar a previsão da área econômica de arrecadar R$ 13,3 bilhões este ano com o programa. O Novo Refis foi desenhado de forma a garantir o pagamento de entradas maiores pelos devedores, para ajudar no caixa deste ano. O parecer aprovado ontem reduz esse potencial.

“Não dá para ter acordo e não honrar”, disse o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, a ideia é buscar na votação no plenário a mudança do texto para os termos acertados com o governo, que foi “surpreendi­do” com tantas alterações. O secretário afirmou que essas mudanças são muito ruins para os contribuin­tes que querem fazer o parcelamen­to. “É preciso criar uma segurança econômica e o importante é ter regras claras.”

O relator alterou seu parecer de última hora. O texto lido na comissão não trazia mudanças nos porcentuai­s de descontos nem no valor da entrada para os menores devedores. Mas Cardoso Jr. acabou acatando diretament­e em seu texto final destaques (sugestões de mudanças no texto) que seriam solicitado­s pelos parlamenta­res no plenário da comissão.

A versão final do relatório prevê, por exemplo, descontos de 99% em juros e multas para os devedores que, após o pagamento de uma entrada de 20% da dívida ainda este ano, liquidarem o restante integralme­nte em janeiro de 2018.

O relator também concede a maior número de empresas o benefício de pagar um valor menor de entrada e, mesmo assim, obter os descontos. Antes, essa exceção valia apenas para contribuin­tes com débitos até R$ 15 milhões, mas o deputado elevou esse limite para R$ 150 milhões. Cardoso Jr. também reduziu o valor da entrada para esse grupo: a alíquota caiu de 7,5%, na proposta do governo, para 2,5%.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil