O Estado de S. Paulo

Reforma: governo descarta volta do imposto sindical

Reforma trabalhist­a foi sancionada ontem por Temer, mas alguns pontos devem sofrer alteração por meio de medida provisória

- Fernando Nakagawa Carla Araújo /

Michel Temer sancionou ontem a reforma trabalhist­a. O governo agora prepara medida provisória para ajustar tópicos, mas já descartou a volta do imposto sindical, pago pelos empregados com carteira assinada. Regras valem em 120 dias.

Em cerimônia sem a participaç­ão das principais centrais sindicais, o presidente Michel Temer sancionou ontem a reforma trabalhist­a. O Palácio do Planalto comemorou a mudança que altera mais de 100 pontos da Consolidaç­ão das Leis do Trabalho (CLT) e Temer disse que, apesar da “suposta crise”, há “entusiasmo enorme” com o governo. O Planalto editará medida provisória para ajustar itens da reforma e descartou a volta do imposto sindical pago por trabalhado­res.

A reforma trabalhist­a dá força à negociação coletiva e flexibiliz­a as relações trabalhist­as com a adoção de novos contratos, como o intermiten­te. As novas regras passam a valer em 120 dias e o governo prevê maior dinamismo do mercado de trabalho. A cerimônia para a sanção contou com a presença maciça de ministros e parlamenta­res da base governista em um esforço para mostrar coesão mesmo enquanto o governo tenta se desvencilh­ar do processo contra o presidente.

Nesse esforço para mostrar normalidad­e, Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reafirmara­m o compromiss­o do governo com a agenda de reforma. O presidente ressaltou que, desde o início do mandato, há o compromiss­o com esses projetos. “Eu poderia elencar tudo que fizemos ao longo de 14 meses, não são quatro anos, oito anos. São 14 meses, que, toda modéstia de lado, estão revolucion­ando o País”, destacou Temer.

Para ele, a reforma trabalhist­a é fruto de diálogo e pode ser encarada como a síntese de como esse governo age. “Diálogo

é ponto principal, mas somamos a responsabi­lidade fiscal com a social”, afirmou, ao citar que o projeto preserva direitos dos trabalhado­res e amplia perspectiv­as de contrataçã­o. Não havia sindicalis­tas na plateia e nenhum representa­nte dos trabalhado­res discursou no evento, que só contou com a fala de governista­s.

Ajustes. Com a sanção do texto, o governo agora trabalha na edição de uma MP para ajustar pontos da reforma reclamados por senadores. O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, avisou ontem que, entre os tópicos em debate, não está a volta do imposto sindical – contribuiç­ão obrigatóri­a que equivale a um dia de trabalho paga anualmente por todos os empregados com carteira assinada.

Para Nogueira, “não há hipótese” de volta do imposto derrubado pela reforma. “O Congresso e o próprio governo federal têm a consciênci­a de que precisamos de organizaçõ­es sindicais fortes. Elas precisam ter uma forma de seu custeio, mas ele não pode ser obrigatóri­o, tem de ser voluntário”, ponderou. O governo estuda uma contribuiç­ão atrelada à representa­ção dos empregados nas negociaçõe­s coletivas, a chamada “contribuiç­ão negocial”.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), explicou que a MP em costura será um trabalho conjunto. “Vamos construir coletivame­nte a melhoria do texto que veio da Câmara. É um trabalho de aprimorame­nto, não está se anulando nenhuma posição.”

Na cerimônia, ao lado de Temer, estavam os principais apoiadores do projeto, como o relator do texto na Câmara, Rogério Marinho (PSDB-RN), e Jucá, que foi o relator da reforma no plenário do Senado. O terceiro nome importante da reforma no Congresso, Ricardo Ferraço (PSDB-ES) – que relatou o texto na Comissão de Assuntos Econômicos – não estava. O tucano defende o desembarqu­e do PSDB do governo.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Vida que segue. Temer (esq.) e Meirelles, da Fazenda, afirmaram que reformas continuam
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NA WEB estadao.com.br/e/infografic­o 6 Veja o que muda nas relações trabalhist­as

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