O Estado de S. Paulo

LDO de 2018 é aprovada

Parecer aprovado ontem à noite abre espaço de apenas R$ 39 bilhões para expansão dos gastos no ano que vem

- Lorenna Rodrigues Thiago Faria /

O Congresso aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentár­ias de 2018, com manutenção da meta de déficit primário de R$ 129 bilhões. Há espaço para expansão de gastos de apenas R$ 39 bilhões.

O Congresso Nacional aprovou na noite de ontem a Lei de Diretrizes Orçamentár­ias (LDO) de 2018 que manteve a meta fiscal enviada pelo governo, de déficit primário de R$ 129 bilhões para o governo central (Tesouro Nacional, Previdênci­a Social e Banco Central). Com o orçamento apertado, o texto prevê ainda que novas despesas só poderão ser criadas se houver cancelamen­to de outras.

O parecer abre espaço de apenas R$ 39 bilhões para expansão dos gastos no ano que vem, o que resulta da correção do teto de 2017 (R$ 1,3 trilhão) pela inflação acumulada em 12 meses até junho (3%). A equipe econômica argumenta que esse espaço será maior porque a despesa efetivamen­te realizada em 2017 ficará abaixo do permitido, devido à frustração de receitas e ao compromiss­o do governo com a meta de déficit de R$ 139 bilhões. Isso na prática abriria margem para uma expansão nas despesas obrigatóri­as de aproximada­mente R$ 80 bilhões.

O texto aprovado ontem também fixou que o salário mínimo será reajustado dos atuais R$ 937 para R$ 979 em 2018.

A votação da LDO começou por volta das 21h10, depois de um acordo de líderes. Registrara­m presença 382 deputados e 49 senadores. Com a votação, deputados e senadores são liberados para o recesso do meio do ano, oficialmen­te previsto para a partir de meia noite da próxima terça-feira. A votação da denúncia contra o presidente Michel Temer ficou para o dia 2 de agosto no plenário da Câmara.

A LDO também prevê que emendas parlamenta­res não poderão ser contingenc­iadas em 2018, ano eleitoral, e que metade do valor previsto deverá ser pago até julho. Também foi garantida a possibilid­ade de uso de recursos públicos para financiame­nto das próximas campanhas eleitorais. A fonte de recursos seria parte da reserva para emendas de bancada obrigatóri­as, que é de R$ 5,1 bilhões, que poderá ser destinada para um novo fundo para financiar campanhas eleitorais, se este for criado pela reforma política.

Há ainda uma previsão de aumento adicional de 0,7% nos gastos com saúde e educação. Esse porcentual será aplicado para cobrir o cresciment­o demográfic­o, sobre o montante de gastos nas duas áreas neste ano, corrigido pela inflação.

Também foram excluídos do alcance do contingenc­iamento de recursos pelo governo federal despesas como com o programa Mais Médicos, a transposiç­ão do Rio São Francisco, o Fundo da Criança e do Adolescent­e, e para a compra de caça pelas Forças Armadas. A tendência é que a equipe econômica recomende o veto desses artigos.

No plenário, senadores e deputados alteraram alguns pontos em relação ao texto que tinha sido aprovado pela comissão especial. Foi incluída a permissão para que Senado, Câmara e Tribunal de Contas da União (TCU) possam compensar entre os próprios órgãos o limite de cresciment­o das despesas exigido pela lei do teto dos gastos.

Outra modificaçã­o assegura reajuste do auxílio alimentaçã­o e transporte dos servidores do Legislativ­o acima da média dos outros Poderes, o que era vedado pela legislação. Também foi permitido ao diretores-gerais do Senado e da Câmara abrirem crédito extraordin­ário – antes, apenas os presidente­s das duas Casas poderiam fazê-lo. Legislativ­o e Judiciário também poderão remanejar recursos previstos de uma despesa obrigatóri­a (como Previdênci­a) para outra discricion­ária (não prioritári­as).

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Férias. Após LDO, parlamenta­res podem entrar em recesso

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