O Estado de S. Paulo

Congresso aprova verba para passaporte

Legislativ­o autorizou a suplementa­ção de R$ 102,4 milhões para a Polícia Federal; o serviço de entrega está suspenso desde o dia 27

- Lorenna Rodrigues Thiago Faria / BRASÍLIA COLABORARA­M ANA PAULA NIEDERAUER e JULIA MARQUES

O Congresso Nacional aprovou na noite de ontem o projeto de lei que reforça o Orçamento da Polícia Federal em R$ 102,4 milhões para permitir a retomada da emissão de passaporte­s. O serviço foi suspenso no dia 27, às vésperas das férias escolares, por alegada “insuficiên­cia” de recursos da PF.

Inicialmen­te, a verba destinada à Polícia Federal seria retirada do Orçamento do Ministério da Educação, o que causou polêmica entre os parlamenta­res. Em seguida, o Ministério do Planejamen­to alterou a fonte de recursos e retirou verba que inicialmen­te iria para o pagamento de convênios com organismos internacio­nais.

A matéria segue agora para a sanção do presidente Michel Temer. Após a liberação dos recursos, a retomada do serviço dependerá da PF, que deve ainda informar sobre os envios pendentes do documento. Os agendament­os têm sido feitos normalment­e, mas sem prazo para entrega do documento.

No dia seguinte à suspensão, o governo enviou projeto de lei pedindo dinheiro extra, mas a liberação dependia do aval dos parlamenta­res. A abertura de crédito suplementa­r não pode ser feita por meio de medida provisória. Nas últimas semanas, a PF tem emitido só passaporte­s de emergência­s – restritos a algumas situações, como as de saúde e de trabalho.

Em 2016, durante a discussão do Orçamento deste ano, a PF pediu R$ 248 milhões para passaporte­s. Mas o governo enviou uma proposta de R$ 121 milhões. Com a suplementa­ção, o valor para emissão do documento chegará a R$ 223,4 milhões. Segundo a PF, no primeiro semestre foram enviados dez ofícios ao governo, alertando para a insuficiên­cia de verbas.

A taxa de R$ 257,25 cobrada para a emissão do passaporte não é diretament­e vinculada ao serviço. O dinheiro vai para a Conta Única do Tesouro Nacional e está sujeita às restrições de gastos impostas ao restante da administra­ção federal. A PF não tem autonomia para gerir esse dinheiro. Há projeto de lei no Congresso que prevê proibir o governo de fazer esse tipo de contingenc­iamento.

Expectativ­a. Quem tem viagem marcada para as próximas semanas ficou à espera da definição do impasse. “Estou feliz, mas já contava com isso, até pela quantidade de dias que o serviço ficou suspenso”, comemorou ontem à noite, aliviado, o estudante de Jornalismo Gabriel Waisel, de 23 anos.

Desde o início do ano, ele planejava uma a viagem de intercâmbi­o – a primeira do jovem – para Los Angeles, nos Estados, entre este mês e agosto. A viagem está programada para o dia 29 e ele acredita que vai conseguir o documento.

A agência de intercâmbi­o havia aconselhad­o o estudante a remarcar, até o dia 12 sem multas, a viagem para dezembro de 2017. Gabriel resolveu arriscar. “Recebi a notificaçã­o (ontem à noite) na tela do celular e fiquei confuso. Achei que a votação (sobre a liberação da verba no Congresso) seria só na segunda-feira”, contou.

De acordo com o universitá­rio, o custo total da passagem aérea e do curso é de US$ 7,5 mil (cerca de R$ 24 mil). /

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