Bradesco quer cortar 10 mil vagas com PDV
Reestruturação. Meta do banco é reduzir ‘gordura’ da operação, causada pela compra da operação do HSBC Brasil, que elevou em 20 mil pessoas seu quadro de funcionários; analistas dizem que programa poderá ajudar instituição a capturar sinergias e cortar cu
Motivado pela compra da operação brasileira do HSBC, o Bradesco vai fazer o primeiro programa de demissão voluntária (PDV) de sua história. O banco espera que a adesão à iniciativa alcance pelo menos 5 mil colaboradores, conforme apurou o ‘Estadão/Broadcast’. No entanto, o corte poderá chegar a 10 mil funcionários, em estimativa que considera um interesse mais amplo dos colaboradores.
O programa começa na próxima segunda-feira e vai até 31 de agosto. Funcionários de todo o conglomerado podem aderir ao PDV, desde que tenham pelo menos dez anos de casa. Alguns departamentos, no entanto, devem ser excluídos, de acordo com fontes.
O objetivo da instituição, explicam as fontes, é aprofundar as sinergias após a integração do HSBC, que adicionou cerca de 20 mil funcionários ao banco. O objetivo do PDV – o primeiro da história da instituição – é dar eficiência à operação.
Em 31 de março de 2017, o Bradesco contabilizava 106.644 funcionários, um crescimento
de 16,68% em 12 meses. Em março do ano passado, o HSBC ainda não aparecia nas demonstrações do Bradesco, pois a incorporação de fato se deu em julho de 2016.
Uma fonte diz que é difícil de precisar uma meta para os desligamentos, até mesmo porque o PDV é novidade para o Bradesco. Uma fonte afirmou que 5 mil
seria um bom número, enquanto outra definiu um objetivo mais ousado, de 10 mil vagas.
Na visão do banco Credit Suisse, a notícia, a despeito dos poucos detalhes que o Bradesco deu ao mercado, é positiva para as ações, uma vez que reforça o compromisso da gestão de melhorar a eficiência após a aquisição do HSBC.
“É uma ação mais ousada e acelerada para corte de custos, considerando que a administração indicou originalmente que a redução do número de funcionários deveria ocorrer em linha com o ‘turnover’ natural”, diz relatório da instituição.
Segundo o documento, o PDV anunciado pelo Bradesco deve aumentar a confiança do
mercado na execução da gestão para alcançar a estimativa de sinergias de custos de R$ 2,7 bilhões – número que, na opinião dos analistas do Credit, não está totalmente precificado.
No momento, o banco está focado em aumentar as sinergias e ainda melhorar a sua rentabilidade, impactada pela integração do banco inglês. No fim de março, o indicador estava em 18,3%. O banco quer mantê-lo no intervalo de 18% a 20%.
Enxugamento. Além do Bradesco, a Caixa Econômica Federal estuda fazer um novo programa de demissões ainda este ano, com a meta de atingir 5 mil colaboradores. Na última vez que fez movimento semelhante, a adesão foi de 4.645 colaboradores, abaixo da expectativa de alcançar 10 mil pessoas num contingente de 30 mil empregados elegíveis.
Em 2016, o Banco do Brasil fez um plano de incentivo à aposentadoria. Na ocasião, conseguiu a adesão de 9,4 mil funcionários num horizonte possível de 18 mil servidores. O banco tem dito que não deve fazer outro movimento nesta direção.
Procurado, o Bradesco não quis comentar o primeiro PDV de sua história. Em comunicado ao mercado, divulgado na manhã de ontem, a instituição informou que apenas poderão aderir ao PDV os funcionários que preencherem os requisitos estabelecidos no regulamento. O banco disse ainda que a iniciativa não afetará a qualidade dos serviços prestados aos clientes e usuários.