O Estado de S. Paulo

Petista articula ‘Emenda Lula’ para blindar candidatos

Deputado propõe alteração do Código Eleitoral para impedir prisão de candidatos até 8 meses antes da eleição

- COM NAIRA TRINDADE

O deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política na Câmara, incluiu no seu parecer artigo que, se aprovado, impedirá a partir de 2018 a prisão de candidatos até oito meses antes da eleição, informa a Coluna do Estadão. A mudança, feita sem discussão dentro da comissão, altera o Artigo 236 do Código Eleitoral, que, hoje, proíbe a prisão 15 dias antes do pleito. O artigo ganhou o apelido de “Emenda Lula”, numa alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a nove anos e meio de prisão. Se o TRF da 4.ª Região mantiver a sentença, Lula poderá ser beneficiad­o pela nova regra. Cândido admite que a mudança foi pensada para “blindar” o ex-presidente, mas não somente ele. “É nossa arma contra esse período de judicializ­ação da política”, afirmou. A reforma política será votada em 3 de agosto pela comissão. Para valer em 2018, precisa ser votada no Congresso até setembro.

Sem alarde, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) incluiu no seu relatório na Comissão de Reforma Política artigo que, se aprovado, vai impedir a partir da eleição de 2018 a prisão de candidatos até oito meses antes da eleição. A mudança altera o Artigo 236 do Código Eleitoral, que proíbe a prisão 15 dias antes do pleito. Já ganhou o apelido de “emenda Lula”. Candidato à sucessão presidenci­al, o petista foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de cadeia. Se o TRF mantiver a sentença, ele poderá se beneficiar da nova regra eleitoral.

» Sem rodeios. Vicente Cândido admitiu à Coluna que a nova regra beneficia Lula e que foi pensada para “blindar” não só ele, mas políticos investigad­os. “Lula também, como qualquer outro. É nossa arma contra esse período de judicializ­ação da política.”

» Papo reto. “Estou pensando nesse momento conjuntura­l do Brasil, criando um contrapeso. É uma blindagem da política. Nós precisamos fazer alguma coisa”, complement­ou o relator da reforma política.

» Saída. O deputado reconhece que 8 meses é “muito tempo” para proibir a prisão de um político, mas “nesse momento em que estamos vivendo é uma necessidad­e”. E diz ter apoio de outros partidos.

» Criativo. Para alterar o prazo que impede a prisão, o deputado criou a figura da habilitaçã­o prévia da candidatur­a. Pelo texto, o político terá entre 1.º e 28 de fevereiro do ano da eleição para solicitar o certificad­o à Justiça, que poderá concedê-lo até 30 de abril.

» Livres. Quando o certificad­o sai do forno, o candidato ganha um salvo-conduto que o livra de ser preso daquele momento até 48 horas depois do pleito. A exceção continua sendo a prisão em flagrante.

» Correria. A reforma política será votada no dia 3 de agosto pela comissão da Câmara. Para valer em 2018, precisa ser aprovada pelo Congresso até setembro.

» Indo para o jogo. Marina Silva ressurge para bater forte em Michel Temer. “Substituir deputados na CCJ e liberar verba para aliciar votos é vergonhoso e deplorável a democracia.”

» Tudo parado. O TCU paralisou a licitação para a escolha da empresa de comunicaçã­o que vai atender o Ministério da Integração Nacional. O tribunal questiona a modalidade da escolha – preço versus técnica –, defendendo o regime de menor preço.

» Critérios. As maiores empresas do setor reclamam que as menores oferecem preços em conta porque entregam serviços de baixa qualidade. E as assessoria­s de comunicaçã­o do setor público temem contratar empresas sem experiênci­a. O TCU vai definir o caso. » Causa própria. Prefeitos têm ajudado o presidente Michel Temer a conseguir votos na Câmara pela rejeição da denúncia com o argumento de que, se for aprovada, vai incentivar promotores a pedir o afastament­o deles do cargo.

» Ânimos exaltados. Tasso Jereissati precisou ser segurado durante a reunião do PSDB. Partiu para cima de José Aníbal, acusando-o de fazer críticas a ele por apoiar Rodrigo Maia.

» Recorde. Eunício Oliveira fechou o semestre aprovando mais projetos do que nos últimos 10 anos.

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COLUNA DO ESTADÃO » CLICK. Relator do parecer substituto da denúncia contra Temer, Paulo Abi-Ackel se diverte com o advogado do presidente, Antonio Cláudio Mariz, antes da votação na CCJ.
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SINAIS PARTICULAR­ES. Eunício Oliveira (PMDB-CE) - Presidente do Senado

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